Descrição enviada pela equipe de projeto. O abrigo emergencial construído na Vila Fazendinha localizada no bairro Calafate em Belo Horizonte – Brasil, é resultado de um projeto acadêmico com ênfase extensionista desenvolvido pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas e coordenado pelo professor Hugo Matos. A atividade contemplou a concepção, a fabricação e a montagem de uma habitação unifamiliar, realizadas de forma conjunta por estudantes, professores, técnicos, apoiadores e moradores da comunidade.
A escolha pela Vila Fazendinha se deu em função de sua proximidade ao laboratório de experimentação construtiva do curso de Arquitetura da PUC Minas, da escala da intervenção e da necessidade urgente de condições dignas de habitação à qual essa comunidade se encontra. A família beneficiada é composta por três mulheres, Dona Maria e suas duas filhas que foram indicadas pelos moradores devido a precariedade da habitação que moravam.
O projeto foi desenvolvido por meio de oficinas que buscaram integrar a prática construtiva acadêmica com o atendimento de necessidades específicas de grupos sociais em situações vulneráveis, a partir da racionalização construtiva, do uso adequado da matéria prima local, da investigação técnica de fabricação e do trabalho colaborativo.
Definidos o programa de necessidades, o orçamento, o espaço físico e a mão de obra disponível, o processo participativo para a tomada de decisões sobre o projeto buscou chegar a uma proposta arquitetônica condizente com as condições construtivas possíveis. A solução dada buscou preservar a dinâmica do cotidiano da família, sugerindo a organização do espaço conforme as atividades realizadas e garantindo uma estrutura segura, na qual a arquitetura desempenhe sua função primordial de abrigo.
A casa da Dona Maria possui trinta metros quadrados divididos em cozinha, sala, banheiro e quarto. O pé-direito de três metros tem como função contribuir com a ventilação dos ambientes, proporcionando a saída de ar quente pelas aberturas dos painéis superiores.
O sistema construtivo é composto por três pórticos de madeira cedrinho, contraventados por quadros de madeira pinus e cabos de aço, sendo a estrutura da cobertura feita com peças de eucalipto roliço. O fechamento foi feito utilizando painéis de compensado naval revestidos com placa cimentícia e acabamentos que variam de acordo com a necessidade de impermeabilização de cada ambiente.
Em função das condições de montagem no local foi escolhido um sistema de pré-fabricação no qual as peças pudessem ser produzidas no laboratório e transportadas à Vila Fazendinha garantindo a otimização do processo construtivo. Uma vez terminada a produção dos pilares, vigas e fechamentos, os componentes foram levados ao terreno e montados em cinco dias sobre uma laje radier, sendo as instalações elétricas e hidráulicas executadas posteriormente.
Essa iniciativa parte do conceito do canteiro extramuros para apontar caminhos didáticos que sejam adaptáveis a diferentes contextos urbanos e que permitam a articulação entre academia e sociedade fora dos limites físicos da Universidade. Trata-se de uma abordagem interdisciplinar pautada pela participação ativa do estudante na construção do conhecimento relacionado às habilidades técnicas, às responsabilidades sociais da profissão e à reflexão crítica sobre o papel do arquiteto na cadeia produtiva da construção civil.