Uma pesquisa Datafolha publicada nesta sexta-feira 29 aponta que 65% dos brasileiros classificam os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de Janeiro de 2023 como um ato de vandalismo, enquanto 30% avaliam se tratar de uma tentativa de golpe de Estado. Outros 5% não souberam opinar.
Entre os que votaram em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022, 77% veem o 8 de Janeiro como vandalismo, ante 52% dos que escolheram Lula (PT). Na contramão, definem os ataques como uma tentativa de golpe 46% dos eleitores do petista e 16% dos que optaram pelo ex-capitão.
A avaliação majoritária destoa da conclusão da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal. O relator das ações penais na Corte, Alexandre de Moraes, endossa a avaliação do Ministério Público Federal de que, ao pedir intervenção militar, o grupo tinha a intenção de derrubar o governo democraticamente eleito em 2022. Os votos de Moraes têm prevalecido na Corte.
Trata-se, de acordo com a PGR, de um crime de autoria coletiva (execução multitudinária), em que, a partir de uma ação conjunta, todos contribuíram para o resultado.
Sem anistia
A pesquisa também mostra que 63% dos brasileiros rejeitam uma anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, enquanto 31% a apoiam, 2% são indiferentes e 4% não responderam.
Em diversas ocasiões, o próprio Bolsonaro defendeu o perdão a golpistas participantes da invasão e da depredação das sedes dos Três Poderes. “É uma anistia para eles, pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos”, disse em ato em São Paulo, em 25 de fevereiro deste ano. “Há conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil.”
O ex-presidente é um dos alvos da investigação sobre o 8 de Janeiro, no inquérito a respeito de possíveis mentores intelectuais dos ataques. Também está na mira da Polícia Federal no âmbito da apuração sobre a trama golpista para impedir a posse de Lula após a eleição de 2022.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal condenou mais 14 participantes do quebra-quebra bolsonarista. Até agora, as denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República levaram a 159 condenações.
O Datafolha entrevistou 2.002 pessoas entre 19 e 20 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais.