Ferramentas cada vez mais acessíveis e eficazes são capazes de produzir conteúdos falsos de forma tecnicamente perfeita. Diante do impacto negativo que a disseminação de notícias manipuladas pode causar na sociedade, especialmente em período eleitoral, a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) lançou a campanha “O Direito e o Dever de Duvidar”, na manhã desta terça-feira (16), no salão Nobre da entidade, em Porto Alegre.
Ao apresentar a ação que deve se estender ao longo do ano, o presidente da ARI, José Nunes, salientou a importância da cooperação e da união da sociedade no combate à desinformação. “Esta não é uma tarefa restrita a jornalistas, todos nós temos que participar dessa luta que deve ser diária e permanente. Estamos acompanhando o dilema das autoridades brasileiras para regrar os meios digitais que nos trazem amplas possibilidades de comunicação e negócios. Mas também se prestam a fraudes, enganações, crimes e ameaças à democracia”, destacou o dirigente.
Um dos objetivos da campanha, conforme Nunes, é garantir o direito à liberdade de expressão, tendo como foco veículos de credibilidade. “Em recente reunião da diretoria, concluímos que só podemos dar a nossa contribuição para o debate se o ampliarmos para a questão da educação mediática. Nós, jornalistas, e todos os setores interessados em combater a desinformação podemos e devemos alertar as pessoas sobre os riscos das fraudes digitais, das montagens apoiadas pela Inteligência Artificial e das mentiras travestidas de verdade”, disse.
O presidente da Associação Nacional de Jornais, Marcelo Rech, acredita que este esforço capitaneado pela ARI ajude a população a entender e seguir o pensamento jornalístico. “Sempre estamos verificando se aquela informação é correta, como verificar com uma outra fonte para garantir a precisão”, pontuou Rech. Para ele, é preciso que se faça um pacto global contra a desinformação. “Toda ação local, regional e nacional é louvável, mas estamos lidando com um problema mundial, que vai das Filipinas ao Peru, da Argentina a Noruega”, ressaltou.
Leia o manifesto na íntegra
O Direito e o Dever de Duvidar
A Associação Riograndense de Imprensa (ARI), entidade associativa que congrega profissionais, estudantes e veículos de comunicação com nove décadas de luta pela liberdade de expressão e pela democracia, vem a público manifestar sua preocupação com a crescente discriminação de conteúdos falsos e maliciosos pelas plataformas digitais e redes sociais.
Impulsionadas pela popularização de tecnologias sofisticadas, especialmente pela Inteligência Artificial, as já conhecidas Fake News ganharam maior complexidade e tornaram-se bem mais difíceis de serem identificadas, já que os novos recursos possibilitam a criação de vídeos e imagens que parecem autênticos, devido à manipulação de rostos, expressões faciais e vozes.
Nesse contexto anárquico, e considerando a proximidade de mais o processo eleitoral em nosso País, a ARI conclama seus associados e o público em geral ao exercício do direito de duvidar da veracidade das informações circulantes até que sejam submetidas a mecanismos de aferição e a comparação com conteúdos divulgados pela imprensa profissional, que trabalha com padrões éticos e fontes confiáveis. Mas o direito de duvidar tornou-se dever de cidadania a ser exercido pelas pessoas que não aceitam ser manipuladas, nem querem servir de instrumento para o repasse de falsidades.
A campanha que a Associação Riograndense de Imprensa está lançando hoje tem este propósito. Duvide, duvide sempre, duvide do que você vê, ouve ou lê. É o seu direito e o seu dever, mas não fique com a dúvida, procure se informar como jornalismo profissional que trabalha pela verdade.