“Esse tema é sobre a gente e não podemos participar. É uma discriminação. Nós já tínhamos denunciado, é do nosso interesse, também somos imprensa”, lamentou Carlos Henrique da Silva, do Jornal Boca de Rua. No exemplar de 2022, levado pelos manifestantes, a pauta era manchete da edição: “Garoa pega fogo? Pega”, estava escrito.
Carlos afirma, ainda, que tem amigos que frequentaram pousadas da Garoa que já denunciavam as condições precárias dos aposentos. “A situação é precária, sem ventilação, sem janela, tem uma cama, um lençol. Tinha problema de elétrica”. Ele, que também já se hospedou por três anos em outras pousadas com convênio da prefeitura, disse que “nunca teve fiscalização, nunca foi ninguém. Fiscalizar o prédio, nunca teve”, enfatizou.
Outro integrante do Boca de Rua e líder do Movimento Nacional da População de Rua, Nilson Lira Lopes, também estava em frente ao prédio da prefeitura. Muito emocionado, ele recordou quando viveu nas ruas entre as décadas de 1980 e 1990. “Hoje não estou mais na rua, mas eu milito pela causa. É uma tragédia que se repete. Já tinha acontecido em 2022, aconteceu de novo“, disse. Em novembro de 2022, um homem morreu e outras 11 pessoas ficaram feridas após incêndio em edifício da rede Garoa, localizado na rua Jerônimo Coelho.
Nilson afirmou que nas rodas de conversa que participa com a população de rua, denuncias sobre as pousadas Garoa são frequentes. “As pessoas preferem ficar nas ruas do que dividindo espaço com ratos e baratas, com fios elétricos expostos, banheiro coletivo, quarto sem janela. Estamos denunciando desde a pandemia, quando houve uma procura maior por abrigos. A solução da prefeitura é uma violência, não é proteção”, questionou.
Ele também criticou a postura da prefeitura de não deixar o Boca de Rua participar da coletiva. “Nós temos propriedade para falar do assunto, para questionar. Queríamos colocar nossa indignação”, resumiu.