O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu nesta quarta-feira 8 reduzir em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic: de 10,75% para 10,50% ao ano. Parte do “mercado” apostava em um corte de 0,50.
Desde que começou o atual ciclo de reduções, em agosto de 2023, cada corte havia sido de 0,50 ponto:
- agosto: de 13,75% para 13,25%;
- setembro: de 13,25% para 12,75%;
- novembro: de 12,75% para 12,25%;
- dezembro: de 12,25% para 11,75%;
- janeiro: de 11,75% para 11,25%;
- março: de 11,25% para 10,75%.
Desta vez, votaram por diminuir a Selic em 0,25:
- Roberto Campos Neto (presidente);
- Carolina de Assis Barros;
- Diogo Abry Guillen;
- Otávio Ribeiro Damaso; e
- Renato Dias de Brito Gomes.
Outros quatro diretores defenderam um corte de 0,50 ponto:
- Ailton de Aquino Santos;
- Gabrie Galípolo;
- Paulo Picchetti; e
- Rodrigo Alves Teixeira.
Os quatro integrantes que votaram pela queda de 0,50 foram indicados ao Banco Central pelo presidente Lula (PT).
No encontro de março, o BC indicou que reduziria a Selic em 0,50 nesta quarta, levando a taxa a 10,25% ao ano, mas a projeção não se confirmou.
Ao anunciar a nova decisão, o Copom mencinou um ambiente externo “mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos”, e disse que “o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”.
No front interno, segundo o BC, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho “têm apresentado maior dinamismo do que o esperado”.
Desde a reunião anterior, em março, o governo Lula decidiu ajustar a meta fiscal para 2025: saiu de cena o superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto e entrou o déficit zero, a exemplo de 2024.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse publicamente que mudanças na meta tornam mais “custoso” o trabalho da autoridade monetária.
No anúncio desta quarta, o Copom disse ter acompanhado os impactos da política fiscal sobre a política monetária.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”
Recentemente, Campos Neto voltou a entrar na mira de apoiadores do governo federal. No fim de abril, ele afirmou à CNN Brasil que o cenário do mercado de trabalho no Brasil é uma “grande surpresa”, mas mencionou um receio de “processo inflacionário”.
“A preocupação vem quando as empresas não conseguem contratar, e você tem que começar a subir o salário. Se você sobe o salário para o mesmo nível de produção, isso significa que você está iniciando um processo inflacionário”, alegou. “Então, a preocupação vem daí.”
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chamou o presidente do BC de “bolsonarista” e disse que ele ameaça o País “com sua grande obra: a maior taxa de juros do Planeta”.
“Depois de incentivar a especulação por causa da revisão da meta fiscal, agora ele reclama que o desemprego ficou menor do que o mercado gostaria. Para o presidente do BC, a perspectiva de pleno emprego é uma ameaça a sua missão de sabotar o crescimento do Brasil”, rebateu a petista.