Em seu segundo mandato como governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) praticamente lançou o próprio nome para a disputa pela Presidência da República em 2026 – caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que hoje está inelegível até 2030, realmente não tenha condições legais de competir.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada nesta segunda-feira (25), Caiado afirma estar preparado para concorrer pela segunda vez ao Palácio do Planalto. Ele disputou o cargo em 1989, na primeira eleição presidencial do Brasil após a redemocratização do país.
“Isso será tratado pelo partido. Agora, eu me vejo como uma pessoa que posso me apresentar ao União Brasil. Vejo uma trajetória de vida que me credencia para que eu possa ver se existe a possibilidade partidária de transformar isso numa realidade ou não. É um trajeto ainda muito longo, de um assunto que vai ser tratado em 2026”, disse.
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“O desejo sempre existiu, nunca neguei. Até porque fui o candidato mais novo da história do país, com 39 anos de idade, em 1989, não é nenhuma surpresa. Me coloquei como candidato naquela época que ninguém tinha coragem de defender o setor rural, a livre iniciativa, o direito de propriedade”, relembrou o governador de Goiás.
A intenção de se candidatar à sucessão de Lula, observou Caiado, depende da confirmação da ausência de Bolsonaro do pleito de 2026. “Primeiro, [é preciso] avaliar se essa decisão [do Tribunal Superior Eleitoral] realmente será definitiva. Se ele [Bolsonaro] tiver condições de ser candidato, é indiscutível a liderança que ele exerce para poder ser candidato. Ora, não sendo ele, a minha trajetória de vida é exatamente no mesmo eleitorado do presidente Bolsonaro”, afirmou o governador.
“Não existe outro eleitorado que não seja condizente com minha vida política durante esses 40 anos. Isso aí todos nós reconhecemos e não tem a menor dúvida que, mesmo sem mandato, nesse processo de impedimento de uma candidatura, ele tem a capacidade de mobilizar milhões e milhões de pessoas em todos os lugares que chega”, continuou Caiado.
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O governador de Goiás disse, ainda, que “o eleitorado conservador hoje atinge próximo de 70% da população brasileira”. “Nós reconhecemos que o ex-presidente Bolsonaro conseguiu, como nenhum outro, aflorar esse sentimento. Eu fui candidato em 1989 e, naquela época, você tinha muito mais preconceito ao setor rural e às teses que nós defendíamos do que um apoiamento por parte maior da população. Hoje você vê o contrário, hoje você vê que a direita está muito mais consistente, com projetos cada vez melhores e podendo demonstrar isso na vida prática”, afirma.
Questionado se seria possível ser candidato à Presidência, representando o campo mais conservador, sem o eventual apoio de Bolsonaro, Caiado respondeu: “No cenário atual, lógico que não. Lógico que a posição dele [Bolsonaro], hoje, é extremamente importante para que o candidato tenha a perspectiva de ganhar uma eleição. É óbvio, isso aí está escancarado. Como é que uma pessoa que é um ex-presidente, que não tem previsão de ser candidato agora pela decisão [do TSE], pode colocar 750 mil pessoas na Paulista?”, indagou.
Situação jurídica de Bolsonaro
O governador de Goiás também foi questionado, na entrevista, se Bolsonaro é capaz de manter mesma força política caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil.
“Bom, isso foge da minha capacidade de aprendizado na política e muito menos de poder prever o que vai acontecer. Eu não saberia”, despistou. “O que deve ser feito é respeitar o trâmite normal do julgamento das pessoas e não antecipar situações, reverberar a possibilidade de ser preso, de ser condenado. Isso é muito ruim. Isso aí parece outros momentos da história do mundo. Julgamento inquisitivo nunca deu certo.”
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Anistia
Na entrevista à Folha, Caiado encampou o discurso de Bolsonaro e defendeu anistia aos condenados pelos ataques violentos contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.
“Se você buscar a história, você vê que Juscelino Kubitschek sofreu, sim, uma ameaça de golpe real, onde a Aeronáutica reagiu à posse dele, tomou Jacareacanga (PA), tomou Aragarças (GO). Então terminado, abafou-se aquilo, e logo a seguir ele propôs também uma anistia. Falou: ‘deixa eu trabalhar, deixa eu construir Brasília, deixa eu fazer o Brasil desenvolver’. Não vou ficar me apegando a essas coisas menores, eu preciso dar solução para os brasileiros’”, citou Caiado.
“Acho [que deveria haver anistia], porque, afinal de contas, são momentos que nós precisamos buscar arrefecer o clima do nosso país para ter governabilidade. Não se governa com essas ferramentas que nós estamos vivendo. Já se passou um ano e três meses”, completou.
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Crise no União Brasil
Caiado comentou também a crise no União Brasil, que afastou do comando o então presidente nacional da legenda, Luciano Bivar (PE), e agora está sob a direção de Antônio Rueda.
“O União Brasil será um dos partidos mais representativos e mais importantes no processo político do país nos próximos meses. Hoje, o partido volta para o seu leito normal, o leito partidário, de discussões políticas com as pessoas que realmente têm preparo intelectual para discutir cada um dos temas como o terceiro maior partido do país”, afirmou Caiado.
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