O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal que visa proibir a inclusão de cardápios vegetarianos e veganos nas creches e escolas públicas da cidade.
A proposta ainda pretende coibir professores e funcionário de promoverem a dieta entre os alunos, sob qualquer contexto educacional, seja durante aulas regulares, seminários, excursões ou palestras.
Na justificativa do projeto, o vereador alega que existem controvérsias sobre o vegetariano e veganismo, apontando que a mudança na alimentação contradiz um suposto “carácter onívoro milenar” do ser humano. Ele ainda afirma que a pauta do vegetarianismo e veganismo foi “sequestrada pela militância mais radical da esquerda”, que estaria distorcendo o tema.
Na proposta, o vereador faz um de um discurso negacionista:
“Se não há pacificação sobre ‘aquecimento global’ (uma besteira já mais que refutada e o motivo de desligamento de milhares de cientistas nos anos 2000 do chamado Painel Climático em função do fato de a Terra não estar aquecendo) e ‘mudanças climáticas’ (parafraseando o professor Felício, é uma estupidez aguda e uma presunção boçaloide achar que a humanidade tem a capacidade de alterar o clima de um planeta com 510 milhões de quilômetros quadrados), como justificar atochar, com o perdão da palavra, uma alimentação exclusivamente verde em vastas extensões da população, e especialmente em crianças e adolescentes?”.
A proposta do bolsonarista atende as demandas do lobby pecuarista e contraria o liberalismo defendido pela extrema-direita no Brasil.
“Antes de continuar o decurso desta justificativa, é oportuno esclarecer, não é objetivo deste projeto restringir o direito de escolha das pessoas, jamais, embora tudo deponha contra a adoção sistemática desse tipo de hábito alimentar, mas tão somente garantir que não sejam adotadas dietas com base nessa filosofia específica de forma unilateral por meio da decisão de algumas pessoas que, investidas em cargos públicos, crentes numa suposta capacidade pessoal de guiar a História e as massas e vinculadas a partidos políticos, sequer consultam as vontades dos pais, subtraindo o pátrio poder destes, entregando ao Estado um poder que não lhe pertence. Queremos evitar que o Estado se intrometa numa particularidade que inequivocamente pertence às famílias, que não são obrigadas a adotar agendas militantes a título de ‘alimentação saudável’ ou em função de ecofanatismos alheios, que ao cabo e ao fim é do que trata hoje boa parte da agenda vegetariana/vegana a despeito da boa vontade e honestidade de alguns grupos de praticantes”, completa a justificativa.
O projeto ainda ignora restrições alimentares e dietas religiosas, que utilizam o cardápio vegetariano como uma alternativa ao cardápio tradicional.
Essa já não é a primeira vez que o filho do ex-presidente se preocupa com a alimentação dos alunos cariocas.
No início da sua legislatura na Câmara do Rio, Carlos Bolsonaro havia protocolado outro projeto que visava proibir o uso de “insetos, inteiros ou suas partes, na alimentação dos alunos matriculados em creches e escolas públicas e privadas do Rio”.
Com o mesmo discurso anti-ciência, o bolsonarista argumenta que seria necessário proibir “experimentações com crianças”, pensando em um futuro apocalíptico, em que a Prefeitura do Rio determine a inclusão dos insetos na dieta dos alunos da rede pública.
“Não podemos agir depois da casa arrombada, precisamos nos adiantar, considerando que o uso de insetos na alimentação vem se espalhando pelo mundo todo e o Brasil, como sempre, busca imitar aquilo que o mundo tem de pior. Ficaremos nós, Câmara Municipal, responsáveis por experimentações com crianças e adolescentes, ainda que essa experimentação não esteja no horizonte próximo?”, questionava Carlos naquele momento.