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Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em Frankston South, em Bunurong Country, e com vista para o Narringalling (Riacho Sweetwater) da região, a Casa Sweetwater oferece flexibilidade e descanso para uma família em fase de crescimento. Projetada e construída durante os prolongados bloqueios da COVID-19 em Melbourne, a casa reflete uma resposta inventiva para uma vida sustentável, de baixo custo e multi-geracional, além de contar uma história de renovação pessoal e ecológica. Nossa ambição era criar uma casa materialmente honesta e altamente sustentável para nossa família de quatro pessoas. Desenvolvemos um arranjo de planta que pudesse se adaptar às necessidades em mudança de dois filhos adolescentes e permitir a convivência multi-geracional e visitas de familiares de outros estados. Os quartos dos pais e das crianças estão localizados em extremidades separadas da casa, cada um com generosas vistas para o jardim, enquanto uma série de arranjos espaciais de quatro, dois e um metro criam “zonas” que incentivam diferentes modos de ocupação.
O coração da casa é uma ampla sala de estar e cozinha em plano aberto, com vista para o riacho ao norte através de um espaçoso deck, além de um pequeno pomar de árvores frutíferas. Esse espaço também funciona como área de entretenimento para receber convidados, com grandes portas que se abrem para uma vasta área externa de gramado e lazer, integrando a paisagem ao redor à casa. O interior exposto em madeira maciça proporciona uma sensação tátil e duradoura, iluminado por luzes embutidas de LED de baixa voltagem e trilhos lineares. Nos quartos, a combinação de teto rebaixado, carpete de lã macia e cortinas de linho cria um ambiente acolhedor e confortável.
Dentro da casa, elementos em inox e bancadas e pisos em porcelanato equilibram a presença visual da madeira em larga escala. Os acessórios das portas e torneiras apresentam alavancas estriadas, proporcionando uma experiência tátil gradual. Em toda a superfície, quatro tons diferentes de laminado verde suave se ajustam às mudanças sutis na luz do dia, fazendo referência à vegetação circundante. O esquema de materiais simplificado e as linhas limpas da casa estão em harmonia com o contexto arquitetônico local, que inclui exemplos notáveis de design moderno, como a seminal “Casa McClune”, de Robin Boyd. Valorizar a paisagem foi fundamental no projeto. As amplas janelas da casa e as vistas desobstruídas para o riacho criam a sensação de viver entre a natureza, elevando a rotina da família e encorajando o aproveitamento do ambiente externo mesmo estando dentro de casa.
A casa possui duas entradas distintas, permitindo uma habitação multi-geracional flexível. A entrada principal oferece acesso direto ao quarto principal e à área principal de convivência, enquanto a segunda entrada conduz aos quartos das crianças, sala de estar e banheiros. Se necessário, uma porta pode ser instalada para criar uma separação e garantir privacidade para a família em crescimento. Utilizando conhecimento e experiência adquiridos em projetos anteriores com madeira maciça, a casa foi construída com uma metodologia de construção pré-fabricada, que ofereceu uma solução altamente eficiente em termos de tempo e custo, além de garantir segurança na cadeia de abastecimento vertical.
A casa foi construída utilizando 66,8m³ de madeira laminada cruzada (CLT) proveniente de plantações sustentáveis de madeira macia certificadas pelo PEFC no sul de New South Wales. Durante o crescimento da madeira, o CLT captura 49,42 toneladas de CO2, e mesmo após considerar a energia utilizada na fabricação, apresenta uma emissão total de carbono negativa de 32,86 toneladas. O CLT fabricado pela XLam Australia é certificado como livre da Lista Vermelha, o que significa que não contém formaldeído poliuretano adesivo e é 100% reciclável ao final de sua vida útil. O projeto envolveu uma colaboração próxima com um engenheiro especializado em madeira maciça e a equipe de montagem/construção – um processo prático que incluiu um engajamento contínuo ao longo do projeto e da construção.
Quando o terreno foi adquirido, ficou claro que seria necessário um compromisso significativo com a regeneração da ecologia do local, incluindo o Riacho Sweetwater. Embora a terra já possuísse um pomar e um bosque de oliveiras, que foram preservados e melhorados, também havia muitos arbustos e espécies invasoras, como grandes áreas de bambu. O Riacho Sweetwater também sofreu intervenções no passado, especialmente em 1973, quando o esgoto principal foi instalado, resultando em danos significativos à ecologia. Com o apoio do Programa de Gestão de Margens de Córregos da Melbourne Water, quatro propriedades adjacentes estão realizando trabalhos de manejo, com esperanças de obter mais apoio de outros proprietários ao longo do córrego. Além disso, durante as escavações para a construção, foi identificado e removido lixo de construção que havia sido enterrado no terreno.
A água da chuva é captada dos 268m² de telhado e armazenada em 2 tanques subterrâneos de 500 litros cada. Essa água é usada para abastecer todos os vasos sanitários e está disponível para irrigação. Os tanques são estrategicamente posicionados para fornecer água por gravidade ao pomar original e à horta, situados ao norte da casa. A residência, totalmente elétrica, emprega um sistema AC PV de última geração que, até o momento, fornece mais energia do que a demanda diária total. O terreno tem uma orientação direta para o norte, o que influenciou a forma alongada do prédio para permitir a entrada de luz solar nos espaços habitáveis. Os beirais foram projetados para proteger as janelas das áreas de convivência compartilhadas, permitindo que o sol entre profundamente no inverno e limitando sua penetração nos meses de verão. Na fachada sul, janelas clerestórias de altura elevada oferecem vistas das copas das árvores de dentro da casa e captam as brisas marítimas do sudoeste, ajudando a resfriar a casa à noite.
Os princípios de design Passivhaus são essenciais neste projeto, onde a Casa Sweetwater antecipa o futuro potencial do design residencial suburbano. Com uma classificação NatHERS de 8 estrelas e um consumo de energia esperado de 56Mj/m2 por ano, o projeto ultrapassa os requisitos do software de análise em termos de entrada solar, sombreamento, ventilação cruzada, massa térmica e seleção de materiais. Com sua paleta de madeira acolhedora combinada com as samambaias e eucaliptos circundantes, a casa transmite uma sensação de calor e calma. O riacho, atualmente em processo de reabilitação, faz parte de uma área única de mata e trilhas para caminhadas que são centrais para a comunidade local. Sua presença é visível da estrada, e foi importante para o design da casa manter uma abordagem visualmente permeável, preservando essa vista para quem passa.
