Casais vai construir em 400 dias a nova residência universitária na antiga fábrica Confiança, em Braga.
O contrato de empreitada está assinado e a empresa bracarense começa no imediato a trabalhar. Vai ser construído um novo edifício no logradouro com o edifício principal a dar lugar também a um museu.
“Faltam 400 dias para que estas imagens virtuais passem a reais”. Foi desta forma que o presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, terminou o seu discurso após a assinatura do contrato de empreitada com o Grupo Casais que apresenta uma solução mais sustentável, rápida e moderna numa resposta há muito exigida pelos estudantes da Universidade do Minho, mas que também servirá estudantes do IPCA e até, eventualmente, outros académicos.
O CEO do grupo Casais, António Carlos Rodrigues, acredita que a empreitada “será um laboratório vivo daquilo que se pode fazer na área da construção” permitindo a “partilha de conhecimento com os quadros técnicos da câmara nas muitas visitas de acompanhamento dos trabalhos”, para ver de perto uma técnica que é “um equilíbrio entre a estética e a sustentabilidade”.
O prazo de execução de 400 dias atira a conclusão da residência universitária, na Rua Nova de Santa Cruz, na Freguesia de S. Victor, para o primeiro trimestre de 2026, data limite do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que liberta os 25,5ME de verba para a empreitada com chave na mão.
A residência universitária terá capacidade para 786 estudantes, dispondo de 501 quartos individuais, duplos, assim como quádruplos, além de quartos para pessoas com mobilidade reduzida.
Arquiteto responsável já tinha participado num concurso de ideias para a Fábrica Confiança há mais de dez anos
O novo edifício a construir por moldes terá uma área bruta de 15 mil metros quadrados, enquanto o edifício atual, cuja fachada será preservada, disponibiliza 4700 metros quadrados.
Garantida está “uma relação entre os dois edifícios”, de acordo com o arquiteto do grupo, José Costa, também ele natural de Braga. O responsável pelo desenvolvimento do projeto, curiosamente, tinha apresentado uma solução para o concurso de ideias que a autarquia lançou em 2012. Segundo o mesmo, a questão da Via Romana “não terá implicações no desenvolvimento da obra”, concebida, na sua maioria, através de um sistema construtivo que permite o somatório de componentes com redução de custos da pegada carbónica. No logradouro da Fábrica, o novo edifício irá ainda conter um modelo virtual que permitirá um acompanhamento do ciclo de vida do próprio edifício que será “vizinho” de uma residência universitária privada que abriu portas há cerca de um ano.
Edifício atual será preservado e vai ter diferentes funcionalidades
O edifício atual da Fábrica Confiança vai manter a sua fachada e apresentar várias funcionalidades, incluindo uma sala museu, uma loja da saboaria e um hall de entrada com as caraterísticas atuais. No Piso 0 vão ter lugar salas de estudo, salas de convívio, espaços de confeção de refeições além de quartos quádruplos.
Já o novo edifício contará, no Piso 0, com salas de convívio, salas de estudo e salas de coworking, assim como cozinhas e salas de refeição além de lavandarias.
Os pisos superiores, dedicados ao alojamento, serão “mais recatados”. No -1 ficarão os parques de estacionamento para viaturas e bicicletas, assim como zonas técnicas e de manutenção.
“Há uma interligação entre os dois edifícios” e “não está descurada a qualidade em nenhuma das fases”, numa obra que assegura o “equilíbrio entre estética funcionalidade e sustentabilidade com prazos acelerados”, acrescenta.
“É uma alavanca para a regeneração de toda a envolvente no coração da cidade” – Ricardo Rio
Ricardo Rio admite tratar-se de “um projeto crucial a nível local que duplica a capacidade instalada na UMinho”, evidenciando que é esimulante para aquela zona da freguesia de S. Victor e “fundamental para a regeneração envolvente. “Já não é periferia da cidade de Braga. É o coração da cidade e não fazia sentido termos uma zona que se degradou a este ponto. Este projeto é também uma alavanca para regenerar aquela envolvente”, afirma.
Recorde-se que foi da coligação Juntos por Braga que ainda na oposição partiu o desafio de aquisição do imóvel por parte do município de Braga. Durante todos estes anos, Ricardo Rio reconheceu que não tinham sido encontrados os recursos necessários para requalificar a emblemática saboaria bracarense e que a oportunidade do PRR “era um momento que não podia ser desperdiçado”.
O autarca social democrata, que certamente não irá inaugurar o equipamento enquanto presidente do Município de Braga sustenta que esta obra “vai marcar o futuro da cidade”, iniciando a contagem decrescente para tal: “Faltam 400 dias até que estas imagens virtuais passem a reais”.
“Investimos bastante no desenvolvimento destas soluções. Vai seguramente ficar no nosso curriculo” – CEO Grupo Casais
António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais manifestou “muito orgulhoso”pelo contributo que a construtora dá à cidade, mas também para a universidade e para os alunos. “É uma visão diferente, com mais sustentabilidade”, disse, notando que a empresa nos últimos anos tem desenhado e concebido em Braga os edifícios, levando-os depois para outras localizações, tratando-se agora do primeiro edifício de grande dimensão que fica em Braga.
“Daqui a 400 dias [mais este fim-de-semana] teremos seguramente um edifício que tenho a certeza que vai continuar a ajudar a que Braga continue a ser este íman de atração de talento”, realçou também na sua intervenção.
O empresário notou que o grupo Casais, já com experiência neste sistema e obra feita em vários pontos do país e na Península Ibérica, aposta agora “na maior obra de todas com este sistema” no próprio concelho.
“Finalmente. É uma reivindicação de há muito tempo” – Presidente da AAUMinho
A Universidade do Minho fez-se representar pelo pró-reitor Miguel Bandeira e pela Administradora dos Serviços de Ação Social além da presidente da AAUMinho. Aos jornalistas, Margarida Isaías lembrou que “há muitos anos” que os estudantes alertavam para este défice de camas e da importância desta resposta. “Finalmente, estamos muito contentes. É uma concretização de uma reivindicação de há muito tempo e também do sonho de muitos estudantes que é conseguirem ter um alojamento a preços acessíveis na cidade de Braga”, vincou.
“Demorou muito tempo mas conseguimos encontrar uma boa solução” – Olga Pereira
A vereadora com o pelouro das obras municipais, Olga Pereira, admite que se trata de um momento “muito feliz”. “Vamos cumprir um projeto estratégico para o município de Braga não apenas pela sua resposta mas também pelo que representa para a UMinho”, disse para logo depois agradecer o envolvimento dos funcionários municipais e das equipas da UMinho, dos SASUM e do IPCA também envolvidas no processo.
Olga Pereira refere que foi um processo longo mas que permitiu que fosse encontrada “uima boa solução” até porque o resultado implica ainda uma parceria com os proprietários da marca Confiança e que “vão ajudar a encontrar algumas soluções”, nomeadamente no que respeita ao museu e à loja no edifício principal.
© RUM . Elsa Moura
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