A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu processos administrativos disciplinares contra dois servidores do Departamento de Polícia Federal por faltas injustificadas. Um terceiro agente, do CEPESC, também é alvo da medida.
Marcelo Araújo Bormevet, Felipe Arlotta Freitas e Eliomar da Silva Pereira serão investigados por se ausentarem do trabalho por mais de 60 dias, entre 2021 e 2022. Eles estavam cedidos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Alexandre Ramagem. Os três foram citados no caso conhecido como ‘Abin paralela’.
A decisão de iniciar o processo administrativo foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira 11.
No processo, que deve durar até 60 dias, os investigados terão direito à ampla defesa e ao contraditório, informa a CGU em nota. Por lei, o prazo para concluir o processo pode ser prorrogado por mais 60 dias.
Marcelo Araújo Bormevet é agente de PF desde 2005. Atualmente, ele está suspenso de suas funções públicas em razão de uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relacionada com a investigação sobre a ‘Abin paralela’.
Felipe Arlotta Freitas também esteve cedido à Abin durante a gestão de Ramagem no órgão. Ele também está suspenso em virtude de decisão do STF.
Já Eliomar da Silva Pereira, estava lotado na Abin no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações (CEPESC).
‘Abin paralela’
A ‘Abin paralela’ é uma investigação, autorizada pelo Supremo Tribunal e conduzida pela PF, que apura a atuação irregular da Agência de Inteligência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A suspeita é de que o órgão tenha sido usado para monitorar ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal, governadores, senadores e outros aliados do presidente Lula (PT).
A PF já fez operações contra os envolvidos, cumprindo mandados de busca e apreensão. Segundo os investigadores, o grupo que atuava dentro da agência de inteligência utilizava de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.
Além do software espião, a suspeita é de que a ‘Abin paralela’ utilizou drones, câmeras escondidas e escutas ilegais para monitorar os adversários do ex-capitão. Sob a batuta de Ramagem, a Abin também teria feito operações ilegais no Rio de Janeiro, com uso de informantes, extrapolando suas atribuições. O custo da arapongagem ilegal no Rio seria de, pelo menos, 6 milhões de reais.