A prefeitura de Porto Alegre anunciou o fechamento das comportas do Cais Mauá na última quinta-feira (23) devido ao retorno das chuvas. As estruturas, que fazem parte do sistema de prevenção contra enchentes haviam sido reabertas após a redução do nível do lago Guaíba, que causou inundações na capital gaúcha. Com o temor de que a capital gaúcha possa voltar a alagar, o Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae) bloqueou duas das aberturas que perderam seus portões com sacos de areia e cimento.
O Dmae afirmou que monitora os demais portões que ainda estão abertos. É o caso do 12, localizado próximo à Ponte do Guaíba, no encontro da Voluntários da Pátria com a Avenida Sertório, que segue escoando água da cidade para o lago, de acordo com o órgão. Outra das estruturas que permanece aberta é a 11, na mesma região. As demais comportas foram fechadas.
Embora tenha optado por não tecer comentários sobre a escolha do Dmae em utilizar os sacos de areia e cimento para tentar evitar novos alagamentos, o ex-diretor do extinto Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) e do Dmae, Augusto Damiani, criticou a decisão de reabrir as comportas. “Perdeu-se naquele momento o controle da relação entre o lago e a cidade. Agora é administrar a situação criada”, ponderou.
Já o pesquisador do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Fernando Meirelles acredita que a solução do Dmae foi acertada, embora pense que o ideal seria “um sistema de comportas metálicas funcional”. Segundo Meirelles, a medida é recomendada em “manuais de desastres que envolvam inundações de pequenas alturas d’água e nós estamos esperando um repique pequeno, de 50cm, do Guaíba”.
A solução também é vista por Meirelles como melhor que a tomada no início das enchentes, quando vazamentos de água nos portões das comportas tentaram ser contidos com sacos plásticos. Dessa vez, o pesquisador aponta que a escolha por sacos de ráfia, permeáveis, foi pertinente. “Aquilo não ia funcionar, pois aqueles sacos não permitiam a acomodação da água na areia. Agora, com a permeabilidade, há uma contenção da água”, explica.
Nesta sexta-feira (24), o Guaíba voltou a ter seu nível elevado após um forte volume de chuvas e a mudança do vento para a direção Sul, que represa as águas no lago ao invés de promover seu escoamento em direção à Lagoa dos Patos. Ao final da tarde, a medida do nível das águas era de 4,27m, uma elevação de 36cm em relação á primeira medição do dia, realizada às 6h da manhã.