O presidente Lula (PT) assinou a ordem de serviço para mais um trecho da transposição do rio São Francisco durante um evento no Ceará, realizado no início da tarde desta sexta-feira 5. No estado, o petista vistoriou ainda o andamento de mais um trecho da ferrovia Transnordestina, que vai ligar o sertão do Piauí ao porto de Pecém, no litoral cearense.
O trecho de transposição das águas do São Francisco autorizado por Lula nesta sexta-feira é o Ramal do Salgado. A obra terá 36 km e pretende levar água ao município de Cachoeira dos Índios, na Paraíba, numa conexão com Lavras de Mangabeira, no Ceará.
A estimativa do Planalto, ao autorizar a obra, é de um impacto direto para cinco milhões de pessoas. Ao todo, 54 municípios terão ‘segurança hídrica’ na conclusão da transposição empenhada hoje.
“O alívio é de extrema importância em uma região frequentemente atingida por períodos de seca”, avalia o governo federal, em nota.
Na prática, o projeto irá reduzir o percurso das águas em 100 quilômetros, agilizando a transferência de vazões transpostas do São Francisco para o açude Castanhão, hoje feita por um método emergencial via Cinturão das Águas do Ceará (CAC).
O novo ramal, com o corte de percurso, pode agilizar o abastecimento de água na região metropolitana de Fortaleza, capital do Ceará. O empreendimento atinge, ainda, cidades de médio porte, pouco mais distantes da capital.
Conclusão da Transnordestina até 2026
No evento desta sexta-feira 5, Lula também prometeu finalizar a Transnordestina até a conclusão deste seu terceiro mandato como Presidente da República. A promessa foi feita logo após uma visita ao canteiro de obras da ferrovia.
A obra, importante frisar, foi iniciada em 2006 e tinha previsão para durar 4 anos, mas se arrasta desde então. Em 2017 chegou a ser alvo do TCU por questionamentos jurídicos. O empreendimento foi retomado em 2023.
“Vou voltar aqui no final da obra para viajar de trem”, projetou Lula na conclusão do discurso. “Podem me cobrar”, emendou o petista.
A ferrovia é uma obra de mais de 1,7 mil quilômetros que, conforme citado, ligará o sertão do Piauí ao porto de Pecém. Os trilhos devem cruzar 81 municípios dos estados do Piauí, Ceará e Pernambuco.
A iniciativa pretende escoar parte importante da produção agrícola brasileira, hoje dependente de estradas, para o mercado externo. Passarão por ali, principalmente, grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minério.
“A Transnordestina é considerada estratégica para a logística do Nordeste e do país. Ela representará um novo marco no escoamento de produtos da região do Matopiba, formada pelo estado do Tocantins e partes de Maranhão, Piauí e Bahia. Vai reduzir o custo logístico e tornar os produtos brasileiros ainda mais competitivos no mercado mundial”, descreve o Planalto em nota sobre o empreendimento.
Segundo Lula, não está descartado que a ferrovia receba também um trem de passageiros, para acelerar o transporte de pessoas pelo Nordeste do país.
O trecho visitado por Lula hoje fica em Acopiara e Quixeramobim, no Ceará, onde está a atual fase da obra, 61% pronta. Até aqui, a atual gestão do governo federal aportou cerca de 270 milhões no empreendimento. O Planalto não esclareceu, nesta sexta, quanto ainda pretende investir na ferrovia. Lula se limitou a dizer que ‘não vai faltar dinheiro’, nem ’empenho’ do seu governo para concluir o trecho.
A iniciativa, diz ainda o Planalto, deve gerar mais de 23 mil empregos no ano que vem, quando entra em uma fase mais avançada de construção, com o início dos trabalhos de superestrutura, de instalação de trilhos e dormentes.
Protestos
Também nesta sexta-feira, Lula foi alvo de protestos pouco antes de subir na tribuna para o discurso. Ele dedicou alguns minutos para responder os manifestantes.
“Vi uns companheiros levantando placa e protestando. Isso é maravilhoso, porque houve um tempo em que vocês não poderiam participar, nem levantar a placa”, afirmou apontando para o grupo que organizou a ação. “Houve tempo em que vocês não tinham o direito de protestar nesse País”, insistiu.
Ainda no tema, o presidente pediu para que os manifestantes seguissem cobrando o seu governo sempre que possível, porque, segundo ele, esse tipo de ação “fortalece o processo democrático”.
“Quando a gente governa de forma democrática, proteste, reivindique e que se a gente puder, a gente atende, se não puder, a gente avisa e a vida continua”, finalizou.