As chuvas do último fim de semana fizeram com que o nível do Guaíba voltasse a subir e, com isso, trouxe um temor de que as cenas da semana passada, em que, além da orla, o lago também invadiu diversos bairros das zonas Sul à Norte de Porto Alegre, se repetissem. Porém, dessa vez, em algumas regiões a realidade foi mais positiva e, mesmo com a cheia, a água continuou baixando.
Segundo o ex-diretor de obras e projetos do já extinto Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) e atual membro do Conselho de Representantes Sindicais do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Cores/Dmae), Adriano Reinheimer, a explicação para isto está na retomada do funcionamento de algumas Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps), as agora famosas casas de bomba.
“Quando as casas de bomba pararam de operar, no momento em que faltou energia elétrica, elas pararam de drenar a água e a mesma começou a acumular até chegar ao ponto de extravasar pelos bueiros. Agora, com várias Estações já reenergizadas, o bombeamento está acontecendo e a água está sendo finalmente expulsa da cidade”, destaca.
Até a tarde desta quarta-feira, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) nove das 23 Ebaps de Porto Alegre estavam ligadas. O número ainda é muito baixo. Porém, quando comparado ao auge do evento climático, na segunda-feira, 6 de maio, mais do que dobrou: naquele momento, apenas quatro funcionavam e as 19 casas de bomba comprometidas permitiram alagamentos em bairros como Menino Deus e Cidade Baixa.
As Estações de Bombeamento de Águas Pluviais fazem parte do sistema de contenção de cheias da Capital. Esses equipamentos desempenham o papel justamente de remover a água das regiões mais baixas do município – as com maior vulnerabilidade a inundações – e levá-las até o Guaíba. Porém, em meio ao evento climático extremo vivido em 2024, a maioria não deu conta da demanda e teve que ser desligada ou por segurança, para evitar acidentes elétricos, ou por inundação.
Segundo Reinheimer, a prefeitura terá que encontrar, futuramente, maneiras de manter as casas de bombas funcionando mesmo em casos extremos. “Terão que ser feitas intervenções na estrutura. Talvez a instalação de geradores ou algum acordo com as concessionárias de energia para que criem-se redes independentes para essas estruturas… Não podemos repetir este mesmo erro no futuro”, finaliza.