O ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas está de volta à prisão na cidade de Guayaquil depois de receber alta do hospital e está com “saúde aceitável”, disse a agência penitenciária SNAI nesta terça-feira (9).
Glas, já condenado duas vezes por corrupção e agora enfrentando novas acusações, foi preso na sexta-feira (5) após uma operação policial na embaixada do México em Quito, onde morava desde dezembro.
Ele foi levado a um hospital naval na segunda-feira (8), depois que o serviço penitenciário disse que ele se recusou a comer a comida fornecida na prisão.
O SNAI confirmou no final da manhã que Glas estava de volta à prisão nº 3 de Guayas.
“De acordo com as avaliações efetuadas pelo pessoal (hospitalar), o cidadão apresenta agora parâmetros de saúde aceitáveis, dentro da normalidade”, afirmou o SNAI no início do dia em comunicado no X.
O SNAI acrescentou que a integridade física da Glas será protegida.
Os advogados de Glas expressaram esta semana preocupação por ele não ter conseguido falar com sua equipe jurídica, que alertou repetidamente que a vida do político poderia estar em perigo na prisão.
“Ontem bloquearam minha entrada no hospital naval, o que significa que regras humanas e leis internacionais e nacionais foram violadas”, disse o advogado Eduardo Franco Loor à Reuters, acrescentando que uma moção para a libertação de Glas foi apresentada.
A operação incomum que levou à prisão de Glas agravou uma disputa latente entre o Equador e o México, levando o México a suspender as relações diplomáticas com o Equador e atraindo críticas de países da região e de outros lugares.
A prisão coroou uma semana de tensões crescentes entre os dois países latino-americanos, depois que Quito declarou o embaixador mexicano persona non grata, citando comentários “infelizes” do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
O governo do Equador disse ter provas de que Glas planejava escapar, embora não tenha fornecido detalhes.
Vídeos de dentro da embaixada transmitidos durante a coletiva de imprensa diária de López Obrador nesta terça-feira mostraram uma porta violentamente aberta, bem como um homem, que parecia ser Glas, sendo carregado, com braços e pernas içados por policiais ou soldados.
O vídeo também mostrou funcionários da embaixada tentando bloquear outra porta, mas depois sendo afastados por agentes de segurança equatorianos armados.
“Não podemos permitir que algo assim seja ignorado. Não vamos ficar calados”, disse López Obrador, acrescentando que o vídeo será usado no pedido do México para que o Tribunal Internacional de Justiça da ONU assuma o caso.
Glas, que foi vice-presidente de 2013 a 2017, foi condenado a seis anos de prisão em 2017 por aceitar subornos da construtora brasileira Odebrecht em troca de contratos estatais.
Ele foi condenado novamente em 2020 por usar dinheiro de empreiteiras para financiar campanhas do movimento político do ex-presidente Rafael Correa e recebeu pena de oito anos.
Glas cumpriu mais de quatro anos de prisão antes de ser libertado em 2022. Ele agora enfrenta acusações de uso indevido de fundos de reconstrução após um devastador terremoto em 2016.
Glas há muito alega que as acusações contra ele têm motivação política, uma acusação que os promotores negaram.
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