As recentes derrotas sofridas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional levaram a um aumento do ceticismo de analistas políticos em relação à capacidade de o Palácio do Planalto fazer avançarem suas pautas no parlamento.
É o que mostra a 56ª edição do Barômetro do Poder, levantamento feito mensalmente pelo InfoMoney com consultorias e analistas independentes sobre alguns dos principais temas em discussão na cena política nacional.
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O estudo, realizado entre os dias 11 e 17 junho, mostra que apenas 18% dos especialistas consultados consideram “alta” a capacidade de o governo federal aprovar proposições no Poder Legislativo. Trata-se do pior resultado em um ano. Quatro meses atrás, o mesmo grupo representava 75% da amostra.
No mesmo período, o grupo de analistas políticos que veem a atual administração enfraquecida no parlamento saltou de 0% para 36%. Já os que avaliam a força do governo em fazer valer sua pauta legislativa somaram 45% dos entrevistados. Em uma escala de 1 (“muito baixa”) a 5 (“muito alta”), a média das respostas sobre a força do Palácio do Planalto nas duas Casas ficou em 2,82.
“O governo vai ao Congresso como um time brasileiro de futebol se prepara para jogar contra um adversário na altitude: o empate já é um bom resultado”, disse um analista político que participou do levantamento.
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“Apesar de a relação entre governo e Congresso estar em momento de desgaste, a tendência é que se tenha algum tipo de acomodação caso Lula realmente se engaje mais na articulação. Porém, vemos com ceticismo esta disposição do presidente, porque não é a primeira vez que essa promessa é feita após reveses do governo no Congresso”, pontuou outro especialista.
O Barômetro do Poder também mostra que 55% dos analistas políticos consideram “ruim” a relação entre Executivo e Legislativo − um mês atrás, o grupo somava 17%. Já os que consideram “boa” oscilou positivamente 1 ponto percentual, para 18%, ao passo que aqueles que classificam como “regular”, despencaram de 67% para 27%.
A maioria dos especialistas consultados (64%) espera que o relacionamento se mantenha no atual patamar pelos próximos 6 meses. Os que vislumbram espaço para piora somam 27%, enquanto 9% acreditam em melhora de interação.
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“Entendo que as dificuldades de governabilidade (especialmente fiscais) vão iniciar uma onda de críticas do Planalto contra o Congresso”, disse um analista político.
O levantamento mostrou, ainda, que, dividindo a Câmara dos Deputados em três grandes grupos (alinhados ao governo, de oposição e incertos), a média das projeções para a base aliada ficou em 220 parlamentares − o que corresponde a 43% de todos os assentos na casa legislativa. O número supera em 5 a média das últimas duas edições. As estimativas, no entanto, apresentaram alta dispersão: de 171 a 300 − em um claro sinal de quão instável o governismo é percebido entre os especialistas consultados.
“O apoio ao governo no Congresso depende da pauta. Em questões econômicas, o governo tem apoio majoritário. Em questões relacionada a costumes, meio ambiente e segurança pública, governo é francamente minoritário”, ponderou outro especialista.
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Já a média das respostas para a oposição ficou em 135, com variação de 103 a 175. Enquanto os incertos ficaram em 158, com variação de 100 a 183.
O quadro é similar no Senado Federal, onde a média das estimativas para a base aliada ficou em 35 parlamentares − o que também corresponde a 43% de todos os assentos. As respostas, porém, foram de 30 a 50 senadores. No caso da oposição, a média ficou em 25 (com uma dispersão de 20 a 30 parlamentares), ao passo que os incertos somaram 21 (em um conjunto de respostas que variou de 9 a 26).
Metodologia
Esta edição do Barômetro do Poder ouviu 7 consultorias políticas – Ágora Assuntos Políticos; I3P Risco Político; MCM/LCA Consultores; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Prospectiva Consultoria; Warren Rena – e 4 analistas independentes – Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); Rogério Schmitt (Espaço Democrático) e Thomas Traumann (Traumann Consultoria).
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Os questionários são aplicados por meio eletrônico. Conforme combinado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo mantido o anonimato das respostas.