Aliados do presidente Lula (PT) criticaram nesta quarta-feira 8 a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de reduzir em apenas 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic: de 10,75% para 10,50% ao ano. Parte do “mercado” apostava em um corte de 0,50.
Cinco dos nove diretores do Copom votaram pela queda de 0,25, enquanto quatro defenderam uma diminuição de 0,50. O voto do presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi decisivo para prosperar a decisão conservadora.
Uma das críticas mais contumazes de Campos Neto, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, classificou o desfecho da reunião do Comitê de “crime contra o País” e “sabotagem”.
“Contra o desenvolvimento, contra o Brasil. Esta é a consequência da ‘autonomia’ do BC, que permitiu o prolongamento do mandato de uma direção bolsonarista, que faz política e oposição ao governo eleito pelo povo”, afirmou a deputada federal.
Para o ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), o presidente do BC parece “fora da realidade”.
“Sugiro que Roberto Campos Neto assista aos telejornais e veja como anda a vida real no Rio Grande do Sul”, escreveu, nas redes sociais.
Já o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) declarou que Campos Neto “segue sabotando a economia brasileira e o governo do presidente Lula”.
Mesmo com o novo corte, o Brasil é o país com a segunda maior taxa real de juros, conforme um ranking atualizado pela consultoria MoneYou.
Em primeiro lugar na taxa real de juros, descontada a inflação, está a Rússia, com 7,79%, ante 6,54% do Brasil e 5,88% do México.
Explicações do BC
Ao anunciar a decisão desta quarta, o Copom mencionou um ambiente externo “mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos”, e disse que “o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”.
No front interno, segundo o BC, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho “têm apresentado maior dinamismo do que o esperado”.
Desde a reunião anterior, em março, o governo Lula decidiu ajustar a meta fiscal para 2025: saiu de cena o superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto e entrou o déficit zero, a exemplo de 2024.
Campos Neto disse publicamente que mudanças na meta tornam mais “custoso” o trabalho da autoridade monetária.
No anúncio desta quarta, o Copom afirmou ter acompanhado os impactos da política fiscal sobre a política monetária.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”