A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, acatar uma denúncia e tornar o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), réu por envolvimento em suposto esquema de corrupção. Os magistrados, contudo, rejeitaram um pedido para afastá-lo do cargo.
Na denúncia, apresentada em novembro passado, a Procuradoria-Geral da República acusa Cameli de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O órgão sustenta que ele comandou um esquema de fraudes em licitações para obras públicas no Acre, deixando um rombo de pelo menos 150 milhões de reais nos cofres do estado.
Somadas, as penas pelos crimes podem ultrapassar 40 anos de prisão. Procurados por CartaCapital, Cameli e seus advogados ainda não se manifestaram sobre a decisão. O espaço segue aberto.
O caso entrou na mira dos investigadores na Operação Ptolomeu, que apura supostas irregularidades na contratação da empresa Murano Construções LTDA em 2019. A companhia teria recebido 18 milhões de reais para a realização de obras de engenharia viária e de edificação no Acre.
As investigações apontaram que Cameli teria recebido propina de empresas da construção civil em montantes que superam os 6,1 milhões de reais, por meio do pagamento de parcelas de um apartamento em bairro nobre de São Paulo e de um carro de luxo. Uma dessas companhias teria como sócio Gledson Cameli, irmão do governador.
A denúncia da PGR atinge a esposa de Gladson Cameli, dois irmãos dele, servidores públicos, empresários e pessoas que teriam funcionado como “laranjas” no suposto esquema. No ano passado, o STJ decidiu desmembrar a denúncia e manteve na Corte apenas a acusação contra o governador.
Todos os integrantes da Corte Especial seguiram o voto da ministra Nancy Andrighi, relatora do caso. Com o recebimento da denúncia, o governador poderá apresentar sua defesa e o processo seguirá para a fase de coleta das provas. Na sequência, o STJ decidirá se condena ou não Camelli pelos crimes apontados pelo Ministério Público Federal.