O presidente Lula (PT) conversou nesta quarta-feira (5) com o líder da Venezuela, Nicolás Maduro, e defendeu a presença de observadores internacionais nas eleições no país vizinho, marcadas para 28 de julho.
O Palácio do Planalto divulgou um breve comunicado após a conversa telefônica. “Lula reiterou o apoio brasileiro aos acordos de Barbados e ressaltou a importância de contar com ampla presença de observadores internacionais. Também manifestou a expectativa de que as sanções em vigor contra a Venezuela possam ser levantadas, de modo a contribuir para que o processo eleitoral possa seguir adiante em clima de confiança e entendimento”, diz a nota.
A Venezuela caminha para um processo eleitoral marcado pela repressão do chavismo contra adversários e pela inabilitação da principal opositora no país, María Corina Machado. As forças opositoras serão representadas no pleito pelo diplomata Edmundo González.
Na semana passada, o regime revogou um convite que havia sido formulado para que a União Europeia enviasse observadores para o pleito, em mais uma medida que levanta dúvidas sobre a existência de garantias políticas mínimas para o processo eleitoral.
As autoridades eleitorais venezuelanas disseram que outros órgãos ainda terão permissão de monitorar a eleição, incluindo a ONU, o Carter Center, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Africana.
No comunicado divulgado nesta quarta, o Planalto disse que Lula agradeceu a Maduro pelo apoio da Venezuela na escolha da ministra Sonia Guajajara para a presidência do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe.
“Sobre o relacionamento bilateral, comentaram que muitos empresários brasileiros têm demonstrado interesse em voltar a investir e fazer comércio com a Venezuela. Lula lembrou que esse intercâmbio é especialmente importante para Roraima e Amazonas. Discutiram o início de tratativas para a celebração de Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos e a renegociação da dívida bilateral”, afirma o comunicado.
Lula e o PT têm laços históricos com o chavismo e foram criticados por preservarem os aliados de críticas pela perseguição de opositores e por denúncias de violação dos direitos humanos. No ano passado, Lula recebeu Maduro para uma reunião de presidentes sul-americanos em Brasília, num gesto que ajudou o ditador a se reabilitar no cenário internacional.
Nos últimos meses, com o avanço da repressão na Venezuela, o governo brasileiro promoveu um ajuste no discurso. Em maio, a gestão Lula criticou o bloqueio à candidatura da opositora Corina Yoris, nome que tinha sido escolhido pela principal força de oposição no país após a inabilitação de María Corina.
O posicionamento de Lula gerou reações de Caracas, que, também em nota, sugeriu que as críticas do Brasil tinham sido ditadas pelos Estados Unidos.