“O objetivo do relatório é fazer um retrato e elencar as prioridades de investimento na região. É um documento essencial para subsidiar políticas públicas”, considerou Ramon Cunha, especialista em Infraestrutura da CNI.
Em um documento de 76 páginas, o relatório traz dados sobre rodovias, portos, aeroportos e malha ferroviária nos três estados do Sul, além de dados sobre transição energética, internet e saneamento básico. Também há uma pesquisa sobre a percepção dos empresários em relação a infraestrutura da região. Por fim, o relatório apresenta 27 propostas para melhorar as condições de infraestrutura a partir das verbas autorizadas pelo Ministério dos Transportes e pelo Ministério de Portos e Aeroportos para 2024, que totalizam R$ 2,7 bilhões.
No Rio Grande do Sul, os dois maiores investimentos deste ano estão previstos na BR-116, no trecho entre Porto Alegre e Pelotas, com R$ 162.030.214, e nos entroncamentos da BR -116 para Guaíba e da BR-471 (Pântano Grande) com R$ 125.863.086. Já no âmbito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) devem ser investidos, no total, mais R$ 81, 9 bilhões em transporte eficiente e sustentável nos três estados do Sul.
Percepção dos empresários na região Sul
Embora 57% dos empresários industriais considerem as condições de infraestrutura como
ótimas ou boas na região Sul, 25% consideram que a infraestrutura rodoviária é ruim ou péssima, cinco pontos acima da média nacional. No modal ferroviário, a insatisfação é ainda maior: cerca de 31% dos respondentes consideram a infraestrutura ferroviária como ruim ou péssima.
No transporte hidroviário, esse percentual equivale a 20%, mas 48% dos empresários afirmam
que a infraestrutura portuária é ótima ou boa. O modal mais bem avaliado foi o aéreo. Na região Sul, 54% dos empresários industriais dizem que a infraestrutura aeroportuária é ótima ou boa.
No topo da lista de prioridade de investimentos para os próximos quatro anos, os empresários elegeram infraestrutura de rodovias e ferrovias, seguido por ampliação e duplicação de rodovias e acesso a portos.
Propostas para o Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, o estudo aponta para a necessidade de providenciar a duplicação do trecho entre Eldorado do Sul e Pantano Grande (BR-290), assim como realizar a reforma das pontes do Arroio Bossoroca e de Uruguaiana Passo de Los Livres. Também é preciso readequar o trecho da BR-116 (Porto Alegre/Novo Hamburgo) por meio de obras de aperfeiçoamento físico e de segurança de tráfego e garantir celeridade para conclusão da duplicação da BR-116 Sul e BR-392 até Rio Grande, e concluir a nova ponte sobre o Rio Guaíba com a finalização das conexões de quatro alças de acesso. Na BR-116/RS, o documento sugere a adequação de curvas entre os quilômetros 90 e 135.
No modal hidroviário, também foram citadas reformas estruturais e modernização de equipamentos das represas equipadas com eclusas, a dragagem de desassoreamento e balizamento da Hidrovia de Lagoa Mirim (Brasil – Uruguai), incluindo o Canal de São Gonçalo, e a revitalização de outras hidrovias em rios. No Rio do Guaíba, o relatório propõe instalação de estruturas de proteção dos pilares das duas pontes.
No modal ferroviário, o estudo diz que é preciso acompanhar e fiscalizar o processo de renovação antecipada (ou nova concessão) da Malha Sul e buscar soluções para as devoluções de trechos
não economicamente viáveis da concessionária. O documento cita ainda a Usina Termelétrica de Rio Grande, afirmando que é preciso buscar uma solução para viabilizar o empreendimento.
Para o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, uma infraestrutura que facilite o escoamento da produção é condição fundamental para reter e atrair investimentos. “A carência que temos nesta área ameaça o desenvolvimento econômico do Estado. Além disso, nos impõe um grande desafio para acelerar a conclusão das obras prioritárias, cujo tempo de execução de algumas delas já superam dez anos”, disse Petry, em nota.
A pesquisa contou com 2,5 mil empresários entrevistados, 500 de cada região do País. Este foi o primeiro de uma série de relatórios regionais.