O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, voltou a ser preso nesta sexta-feira 22 após depoimento no Supremo Tribunal Federal.
A prisão foi determinada após áudios do militar com críticas às investigações da Polícia Federal serem publicados pela revista Veja.
A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações no Supremo Tribunal Federal sobre uma articulação pró-golpe de Estado após as eleições de 2022.
O magistrado argumentou que Cid descumpriu medidas cautelares e atuou para obstruir as investigações da PF. O militar foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, onde passará por exame de delito.
Antes de ser preso, o militar prestou esclarecimentos a um desembargador do gabinete de Moraes sobre as gravações.
Com os áudios publicados pela Veja, é possível ouvir duras críticas à atuação do magistrado. A um interlocutor, ele ainda afirmou que, durante interrogatórios, policiais o pressionaram a dizer coisas que não aconteceram.
A conversa, afirmou a revista, teria durado mais de uma hora. “Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu?”, acrescentou Cid.
Sobre Moraes, a gravação mostra o militar fez uma série de considerações a respeito da condução do processo que investiga a articulação pró-golpe – ele disse, por exemplo, que o magistrado “tem a sentença pronta”.
Os áudios teriam sido gravados após o último depoimento de Mauro Cid à PF, em 11 de março.
O militar é considerado uma das principais peças da apuração sobre a possível tentativa de golpe supostamente capitaneada por Bolsonaro, ministros do governo e integrantes das Forças Armadas.
Em setembro passado, o ex-ajudante de ordens da Presidência firmou acordo de colaboração premiada com os investigadores. O contéudo da delação, contudo, é mantido sob sigilo pelo Supremo.
Após as gravações se tornarem públicas, os advogados de Cid explicaram que o conteúdo foi produzido em contexto de “desabafo”, no qual o militar “relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional” que está vivendo.
Primeira prisão
Mauro Cid foi preso pela primeira vez em maio do ano passado, no âmbito da operação que investiga falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro, parentes e assessores. Ficou detido por seis meses e deixou a cadeia após fechar o acordo de delação premiada.
À época, prestou esclarecimentos que nortearam o trabalho da PF em inquéritos que miram o ex-presidente, entre eles o que apura a tentativa de golpe de Estado articulada após as eleições de 2022 com objetivo de impedir a posse de Lula (PT)
Na semana passada, Cid foi indiciado junto a Bolsonaro e outras 15 pessoas pela falsificação nos cartões de vacinação. A PF impultou a ele os crimes de falsidade ideológica, associação criminosa, uso de documento falso e tentativa de inserção de dados falsos em sistema de informações.