O Ministério da Saúde exonerou, nesta terça-feira 26, a diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena, Carmem Pankararu.
A saída acontece em meio a tentativas do governo federal de conter a crise humanitária registrada em terras Yanomami. A piora nos índices de saúde dos grupos indígenas também teria pesado na decisão.
Dados do Ministério mostram que 363 indígenas yanomami morreram em 2023, número superior aos óbitos registrados no ano anterior.
A pasta afirmou que a dispensa de Pankararu se deu por necessidade de ‘ajustes na equipe’.
Carmem Pankararu era considerada uma peça importante no setor e agora se junta a outras quatro baixas na equipe de Nísia Trindade. É o caso secretário da Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes, que deixou o cargo após pressão do Centrão. Ele comandava a área do Ministério responsável por programas importantes do governo como o Mais Médicos, o Saúde na Escola e o Brasil Sorridente.
Dias antes, Nísia precisou substituir Helvécio Magalhães da chefia do comitê de intervenção em seis hospitais do Rio de Janeiro. A saída dele aconteceu após uma matéria da TV Globo revelar irregularidades nas unidades. Na mesma data também foi exonerado Alexandre Telles, diretor do Departamento de Gestão Hospitalar.
Um pouco antes, as exonerações da Saúde já tinham atingido Andrey Roosewelt Chagas, até então diretor de Prevenção e Promoção da Saúde.
As exonerações acontecem também após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e outros líderes do Centrão questionarem os critérios de distribuição de verbas da Saúde. A ala política, liderada por Lira, tem feito pressão, inclusive, para a saída de Nísia do cargo. Ela resiste e é bancada publicamente por Lula (PT) que, em mais de uma ocasião, descartou a demissão da ministra.
Machismo
Carmem Pankararu, em vídeo nas redes sociais, agradeceu Nísia e se despediu do Ministério. Na publicação de despedida, ela citou o machismo enfrentado enquanto esteve no cargo. A própria ministra tem feito relatos no mesmo sentido.
“Eu deixo nesse momento um cargo, mas jamais deixarei a Saúde Indígena, porque é uma pauta que eu defendo e fortaleço desde que existo”, escreveu.
“Uma história de pioneirismo e dedicação, tendo que falar grosso, as vezes tendo que gritar, tendo que ser firme, mesmo que isso custe o julgamento que o machismo aplica nesses casos”, anotou Pankararu mais adiante.