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Morre Ayrton Patineti dos Anjos, ‘o maior produtor discográfico da história do RS’

Morre Ayrton Patineti dos Anjos, ‘o maior produtor discográfico da história do RS’



Morreu na manhã deste domingo, 16 de junho, o produtor musical Ayrton Patineti dos Anjos. Ele tinha 82 anos, estava internado no Hospital Dom Vicente Scherer da Santa Casa e faleceu após complicações e infecção generalizada. O velório será nesta segunda-feira, das 10h às 16h, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. A informação foi confirmada pela produtora musical Ângela Flach, amiga próxima da família.

“Trata-se do maior produtor discográfico da história do Rio Grande do Sul. Simplesmente isso. E, por consequência, um dos maiores produtores fonográficos do Brasil.” A definição de Patineti é do jornalista e crítico musical Juarez Fonseca.
Patineti atuou por mais seis décadas como produtor, sendo também um agitador do meio cultural, promovendo shows e lançando novos talentos no cenário musical. “Nos festivais nativistas, nomes como Luiz Carlos Borges, César Passarinho, Elton Saldanha e João de Almeida Neto passaram pela mão dele nos discos que foram produzidos”, observa Fonseca.

O jornalista e escritor Márcio Pinheiro, que assina a biografia Ayrton Patineti dos Anjos – Lembranças, Sons e Delírios de um Produtor Musical (Editora Plus, 2018) ao lado do também jornalista Roger Lerina, destaca a contribuição decisiva de Patineti para a cultura do Rio Grande do Sul nas últimas décadas.

“Patineti foi uma das figuras mais curiosas e orignais da música feita no Rio Grande do Sul. Esteve em quase todos os movimentos dos últimos 50 anos e teve uma participação decisiva em tantas carreiras, como a de Borghettinho, Bebeto Alves, Geraldo Flach, Jorge André Brittes, Victor Hugo e tantos outros. Vai fazer falta”, comenta Pinheiro.

O produtor musical seguia atuando em seu escritório na Zona Sul de Porto Alegre, como representante no Rio Grande do Sul da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), onde atuava com seu filho, Caetano dos Anjos.

Ele se afastou por motivos de saúde um pouco antes da enchente deste ano, mas recentemente chegou a participar da produção do show coletivo MPG – Música Popular Gaúcha, que aconteceria em 2 de maio no Teatro de Câmara Túlio Piva, adiado em função das chuvas e enchente em Porto Alegre.

“Vamos fazer esse show, agora é uma responsabilidade minha manter esse legado e compartilhar o conhecimento fornecido por ele”, afirma o filho Caetano dos Anjos. “Também faremos o Grande Encontro – 10 anos no fim do ano, será com certeza uma homenagem a ele. É um show que reúne os maiores artistas da música regional”, completa.

Caetano define o pai como “um impulsionador da cultura”, atento e generoso com artistas, autores e intérpretes. “Estava além do seu tempo, um visionário cultural. Ele conseguia prever, sentir e compartilhar o sucesso. O que ele tocava viarava sucesso. E sempre compartilhou a arte e a música com muitos amigos. Além disso, foi alguém que viveu intensamente”, observa Caetano.

Patineti deixa os filhos Fábio, Mauro e Caetano dos Anjos. Sua ex-esposa Berê Biacchi – cantora que venceu o 1º Musicanto Sul-Americano do Nativismo de Santa Rosa em 1983 com No Sangue da Terra Nada Guarani – também esteve presente ao lado de Patineti nos últimos dias. 

Em 2018, o Jornal do Comércio publicou Reportagem Cultural com o perfil de Patineti, escrito pelo jornalista Geraldo Hasse, que lembrou a trajetória do produtor musical e o início de sua carreira e da relação com Elis Regina – foi a cantora que deu o apelido de “Patineti” a Ayrton dos Anjos. 



Fonte: Jornal do Comércio

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