O Ministério Público do Trabalho abriu um procedimento para apurar as condições de trabalho nas obras da fábrica da montadora BYD em Camaçari, na Bahia. A ação mira a gigante chinesa de carros elétricos e outras três empresas contratadas por ela.
A abertura do inquérito ocorreu em 30 de setembro, seguida por uma inspeção em 11 de novembro, de acordo com o MPT baiano. O órgão afirma reunir informações para a apresentação de uma proposta de ajuste de conduta ou eventual ação judicial.
“As informações que colhemos até o momento apontam para a necessidade de correção de procedimentos relativos ao meio ambiente de trabalho, para garantir a saúde e a segurança dos empregados”, pontuou o MPT. Os relatos de violência física e condições de trabalho sub-humanas foram revelados em reportagem da Agência Pública.
Segundo a publicação, operários chineses enfrentam jornadas de até 12 horas diárias, de domingo a domingo, sem equipamentos de proteção individual adequados. Há registros de trabalhadores bebendo diretamente de poças, devido à falta de acesso a água potável.
Imagens e vídeos obtidos pela Pública mostram ainda episódios de agressão física. As condições de alojamento, por sua vez, foram descritas como precárias: “espaços mal iluminados e sujos e sem limpeza diária nos banheiros”. O texto ainda aponta que trabalhadores foram agredidos como forma de disciplina para o cumprimento de prazos.
Por meio de nota, a BYD afirmou repudiar repudia os tratamentos aplicados por “funcionários de empresas terceirizadas aos trabalhadores na construção da fábrica” e disse ter afastado agressores.
A fábrica chinesa começou a ser construída em março deste ano — a planta será erguida no terreno onde operou por 20 anos a montadora americana Ford, que encerrou suas atividades no Brasil em 2021. A entrega da fábrica está prevista para o fim de 2025, em um investimento que pode superar a casa dos 5,5 bilhões de reais.