As relações entre a Câmara dos Deputados e o Palácio do Planalto terminam a semana atingindo aquele que talvez o ponto máximo de tensão desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após ser chamado de “incompetente” e “desafeto” pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), reagiu e disse que não baixaria o “nível” nas discussões.
“Sinceramente, não vou descer a esse nível. Sou filho de uma alagoana arretada que sempre disse que, se um não quer, dois não brigam”, afirmou o ministro, nesta sexta-feira (12), antes de participar de um evento no Rio de Janeiro.
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Na quinta-feira (11), ao participar de um evento do agronegócio no Paraná, Lira fez duras críticas a Padilha, com quem vem se desentendendo desde o início do terceiro mandato de Lula. As declarações do presidente da Câmara foram dadas no dia seguinte à manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em março de 2018.
O governo apoiou a manutenção da prisão do parlamentar. Lira foi questionado se teria ficado “enfraquecido” com o resultado da votação no plenário da Câmara. Alguns de seus maiores aliados articularam pela derrubada da prisão de Brazão.
“Essa notícia de hoje, que você está tentando verbalizar porque os grandes jornais fizeram, foi vazada pelo governo e, basicamente, pelo ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, incompetente”, disparou o presidente da Câmara.
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“Não existe partidarização. Eu deixei bem claro que ontem a votação é de cunho individual, que cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver”, completou Lira.
Padilha cita Emicida
Nesta sexta, Padilha citou versos do rapper Emicida. “Quero repetir esse sucesso: não tenho nenhum tipo de rancor. A periferia de São Paulo produziu uma grande figura, o Emicida, que diz: ‘Mano, o rancor é igual tumor: envenena a raiz, quando a plateia só deseja ser feliz’. Sei que os deputados querem ser felizes e manter os bons resultados para o país”, minimizou o ministro.
Na véspera, horas depois das declarações de Arthur Lira, Padilha já havia usado as redes sociais para rebater os ataques, embora não tenha citado expressamente o nome do presidente da Câmara.
O ministro das Relações Institucionais compartilhou um vídeo de um evento, nesta semana, em que Lula elogiou sua atuação à frente da articulação política do governo. Para o presidente, Padilha tem o “cargo mais espinhoso do governo”.
“Ter ouvido isso ontem, publicamente, do maior líder político da história do Brasil, é sempre uma honra para toda a equipe do Ministério das Relações Institucionais. Agradecemos e estendemos esse reconhecimento de competência ao conjunto dos ministros e aos líderes, vice-líderes e ao conjunto do Congresso, sem os quais não teríamos alcançado os resultados elogiados pelo presidente Lula, com a aprovação da agenda legislativa prioritária para o governo e para o Brasil”, escreveu o ministro em sua conta no X.