O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul tem peso aproximado de 6,5% no PIB brasileiro. Essa soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um País no período de um ano é sustentada por três pilares: serviços, indústria e agronegócio. E todas elas sofreram forte impacto com a cheia de rios e inundações, que há mais de 15 dias paralisa o RS.
Na semana passada, o Ministério da Fazenda revisou para cima a projeção de alta do PIB para 2024. No documento, consta uma ponderação sobre a tragédia climática no RS, observando que, nas estimativas de crescimento, não estão considerados os impactos da calamidade na atividade econômica. Obviamente, haverão.
Em 2023, o PIB brasileiro subiu 2,9% na comparação com 2022 e somou R$ 10,9 trilhões no ano. E o grande destaque foi a agropecuária, com alta de 15,1% ante o ano anterior .
Já o PIB gaúcho fechou 2023 com crescimento de 1,7%, totalizando R$ 640,30 bilhões, com altas em dois dos três grandes setores da economia gaúcha. Os dados do Departamento de Economia e Estatística (DEE) mostram que a agropecuária foi o destaque positivo ( 16,3%). O setor de serviços teve alta de 2,7%. A indústria, por sua vez, recuou 4%.
O impacto das enchentes fica mais evidente à medida que as águas recuam. No total, 461 dos 497 municípios foram afetados. Os locais mais atingidos incluem os principais polos industriais, o que deve trazer impactos significativos para a economia.
Os prejuízos no campo, conforme a Confederação Nacional de Municípios (CNM), ultrapassam R$ 2,5 bilhões – dados preliminares. São, ao menos, R$ 2,3 bilhões na agricultura, e R$ 226 milhões na pecuária.
Com esse cenário, é inevitável que o PIB gaúcho registre perdas neste segundo trimestre. Na indústria, levantamento da Federação da Indústrias do RS (Fiergs) mostra que as quatro regiões com maiores municípios com Valor Adicionado Bruto (VAB) potencialmente afetado são: Metropolitana (R$ 108 bilhões), Vale dos Sinos (R$ 65 bilhões), Serra (R$ 47 bilhões) e Planalto (R$ 46 bilhões). A catástrofe climática deve impactar, igualmente, o VAB da indústria (em cerca de R$ 75 bilhões).
Uma retomada consistente e duradoura requer ações de curto, médio e longo prazo. O panorama para os próximos meses será de drástica redução nas atividades econômicas no Estado, o que demandará esforços em várias frentes. Um planejamento organizado, com os recursos já empenhados e os prometidos, é capaz de tornar o RS ainda mais forte do que já era.