A Comissão de Valores Mobiliários abriu, nesta segunda-feira, procedimento administrativo para apurar as denúncias do Itaú contra seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel por violação de políticas internas e conflito de interesses.
O órgão não forneceu informações sobre o processo, que foi aberto por sua gerência de acompanhamento de empresas com base na supervisão de notícias, fatos relevantes e comunicados. Procurado, o banco não quis comentar o assunto.
Esses procedimentos são medidas corriqueiras tomadas pela CVM. Eles indicam a realização de uma avaliação preliminar sobre informações divulgadas ao mercado, por exemplo. Concluída a análise inicial, eles podem se transformar em processos sancionadores. Neste caso específico, o Itaú não está sendo investigado, mas convocado para esclarecer os fatos.
Desde a semana passada, o banco acusa Broedel de ter violado políticas internas e agido em “grave conflito de interesses”, supostamente em benefício próprio. O ex-diretor é alvo de um ação movida pelo Itaú que pede o ressarcimento de 10,5 milhões de reais pelas supostas irregularidades identificadas pela companhia.
Segundo o processo, o ex-diretor era sócio do dono da Care na Broedel Consultores. Mesmo assim, a Care foi contratada para emitir pareceres para o Itaú. Também de acordo com o banco, os pagamentos por esses serviços eram feitos para a Care. Ela, porém, repassava valores para outra empresa, a Evam. Esta, por fim, transferia recursos para Broedel.
As apurações contra o executivo tiveram início em julho deste ano. Na ocasião, o banco foi informado que Broedel supostamente prestava serviços de parecerista e consultor ao mercado, enquanto ainda era administrador da companhia. “Tal informação gerou alerta de atuação em desconformidade com o código de ética”, diz a ação movida pelo banco na Justiça paulista.
Broedel atuou como diretor do Itaú entre maio de 2012 a julho de 2024, quando, a seu pedido, assumiu um cargo de gestão na sede global do Santander, na Espanha. Continuou, entretanto, vinculado ao banco, como “administrador licenciado, conforme as políticas internas de desincompatibilização”.
De acordo com a companhia, a investigação interna apontou que, desde 2012, o ex-diretor financeiro era sócio de Eliseu Martins, um renomado especialista em contabilidade, na Broedel Consultores. Tal sociedade não foi declarada aos controles internos da instituição, “apesar de Martins ser fornecedor de serviços” do banco.
Entre junho de 2019 a junho de 2024, Broedel contratou 40 pareceres junto à Care, o que resultou em pagamentos que somam 13,2 milhões de reais.
O ex-diretor nega as acusações e disse que as supostas irregularidades apontadas pelo Itaú são “infundadas”. Também afirmou causar estranheza a divulgação do caso após ele renunciar aos cargos para “assumir uma posição global em um dos seus principais concorrentes”.