Pastor na Assembleia de Deus de Madureira, o deputado federal Otoni de Paula (MDB) desistiu de disputar a prefeitura do Rio de Janeiro e deve coordenar a campanha à reeleição de Eduardo Paes (PSD) entre os evangélicos. A informação foi confirmada a CartaCapital por aliados do parlamentar.
Otoni se reuniu com Paes nesta sexta-feira 14 para acertar os detalhes da aliança. Relatos dão conta de que, no encontro, o deputado teria apresentado apenas uma condição para embarcar na campanha pessedista: evitar ataques diretos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com o novo apoio, o prefeito faz um aceno ao eleitorado evangélico e tenta transmitir a imagem de que é endossado por diferentes espectros políticos.
Depois do rompimento com o Republicanos, Paes foi aconselhado a intensificar os gestos ao MDB, com o objetivo de atrair um partido de centro-direita para seu arco de alianças.
Otoni foi lançado como pré-candidato do MDB em fevereiro, durante uma convenção da sigla. Havia um entendimento entre dirigentes partidários, contudo, de que a candidatura poderia ser revista caso o deputado não apresentasse desempenho consistente em pesquisas internas.
O levantamento mais recente, divulgado no fim de abril pelo Paraná Pesquisas, mostrou que Otoni atingia apenas 3% das intenções de votos, na quinta colocação.
As divergências internas sobre a posição do partido na eleição municipal também contribuíram para o recuo. Uma ala emedebista, liderada pelo ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis, tem trabalhado para indicar a ex-deputada Rosane Felix como vice de Alexandre Ramagem (PL).
Por outro lado, caciques da legenda defendem apoio à reeleição de Paes. Esse movimento é articulado pelo vice-governador Thiago Pampolha e por Leonardo Picciani, secretário no Ministério das Cidades.
No início da semana, os dois se reuniram em Brasília com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, para tratar do assunto. Uma eventual aliança, segundo dirigentes partidários, traria benefícios à legenda, a exemplo do compromisso de apoio à candidatura de Isnaldo Bulhões (AL) na sucessão da Câmara e de cargos no governo do Rio.