O agora ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates ‘culpou’ os ministros Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Rui Costa, da Casa Civil, por sua demissão. As declarações foram registradas pelo site G1 pouco após a oficialização da sua saída do comando da estatal.
Em conversa com a publicação, Prates disse que a decisão final por sua demissão é, de fato, do presidente Lula (PT), mas alega que o petista foi forçado a adotar a medida por ter sido contaminado por uma ‘intriga palaciana’. Ele, porém, não forneceu detalhes ao conversar brevemente com o site.
Uma mensagem enviada aos ex-subordinados, no entanto, dá nome aos ‘culpados’ pela intriga. Segundo o blog do jornalista Valdo Cruz, do G1, que teve acesso ao texto encaminhado por Prates aos funcionários da estatal, Prates relatou aos colegas que Costa e Silveira ficaram ‘regozijados’ com a sua saída.
“Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa”, escreveu. “Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco”, informou ele aos subordinados.
Poucas horas depois, o anúncio, de fato, se confirmou. Em comunicado, a Petrobras alegou que troca de comando foi fruto de uma ‘negociação’. A saída ainda precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da companhia.
Para o lugar de Prates, Lula escolheu Magda Chambriard, engenheira que já atuou como diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
A mensagem de despedida de Prates aos funcionários já antecipava a substituta. Ele teria sido informado da escolha pelo próprio presidente Lula, para evitar que soubesse pela imprensa.
“O presidente pediu meu cargo de volta agora há pouco. Deve nomear Magda. Amanhã conversaremos melhor. Danilo ficou tratando dos trâmites imediatos”, anotou o ex-presidente.
“Só me resta agradecer a vcs [sic] e torcer que consigam ficar ou se reposicionar. Contém comigo no que eu puder fazer”, concluiu, então, Prates na mensagem.
Desgastes com ministros
Ex-senador do PT pelo Rio Grande do Norte, Prates assumiu a direção da estatal no início do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023.
A demissão de Prates acontece após uma série de desgastes entre o líder da estatal e ministros do governo, em especial com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e com Rui Costa, da Casa Civil.
A principal divergência foi na destinação de dividendos aos acionistas em março deste ano. Prates defendia distribuir 50% dos recursos extraordinários, mas Silveira e o conselho discordaram.
Dividendos são uma parcela do lucro a ser repartida entre os acionistas. Já dividendos extraordinários são aqueles pagos além do mínimo obrigatório.
À época, a demissão de Prates foi dada como certa. Rui Costa chegou a dizer que era “o momento de renovar o conselho de administração da Petrobras”, para “oxigenar” as estruturas da empresa.
Coube ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, baixar a temperatura e segurar o presidente da estatal por mais tempo.
No mês seguinte, o Conselho de Administração da petroleira reverteu a decisão inicial e definiu a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários aos acionistas.
Além disso, a Petrobras registrou no seu balanço do primeiro trimestre de 2024 uma redução de 23% no lucro líquido em relação ao registrado no quarto trimestre de 2023. O balanço foi divulgado nesta segunda-feira, na véspera da demissão de Prates.
Ministros negam
Ao G1, após a declaração de Prates que menciona ‘intriga palaciana’, ministros do governo sustentam que não forçaram Lula a tomar qualquer decisão. Eles alegam que o presidente optou pela saída por não concordar com a gestão de Prates.
“O presidente da estatal teve vários avisos prévios sobre o rumo que Lula gostaria que a Petrobras seguisse — e nada fez para mudar o cenário”, responderam integrantes da Esplanada ao site.