As fortes chuvas que impactam a Capital também deram fim ao progressivo recuo do Guaíba. O lago, agora em oscilação, iniciou esta quinta-feira (23) marcando 3,82 m no Cais Mauá, atingiu pico de 3,94 m às 6h e, por volta das 18h, marcava 3,91 m. Com a previsão de mais chuvas e ingresso do vento Sul, responsável por represar o corpo hídrico, o prefeito Sebastião Melo ordenou o fechamento imediato de todas as comportas do Muro da Mauá.
Até então, Porto Alegre tinha cinco comportas abertas: as de número 3 (avenida Mauá), 11, 12, 13 e 14 (avenida Castelo Branco). Ao longo das últimas semanas, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) havia reaberto elas para auxiliar no escoamento do Guaíba. Porém, com a previsão do Executivo de um repique de até 50 cm do lago, o temor de que as águas voltassem falou mais alto.
Mesmo com a mudança de planejamento em relação ao principal sistema de proteção contra enchentes da Capital, o diretor-geral do Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae), Maurício Loss, negou que as aberturas tenham sido um erro, reafirmando que o escoamento estava funcionando.
De acordo com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), “os novos cenários de previsão indicam cheia duradoura, com redução lenta dos níveis”. De acordo com o boletim divulgado às 12h desta quinta-feira, o órgão recomenda atenção à possibilidade de retorno das águas em regiões recentemente drenadas e solicita, à prefeitura, atenção especial à população afetada e ações imediatas para manutenção das infraestruturas e serviços essenciais como o saneamento básico.
No boletim divulgado nesta quinta-feira, a Defesa Civil do RS informou que a tragédia no Estado já vitimou 163 pessoas, 64 estão desaparecidas e 581.643 desalojadas. Ao todo, são 2.342.460 pessoas afetadas em 469 municípios gaúchos.