Apenas quatro meses depois de ter se filiado ao PSB, o apresentador de TV José Luiz Datena vai mudar de partido mais uma vez. Nesta quinta-feira (4), o jornalista se filiará ao PSDB, partido que deve integrar a chapa encabeçada pela deputada federal Tabata Amaral (PSB), pré-candidata à prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro deste ano.
O ato de filiação de Datena ao PSDB deverá contar com a participação de importantes lideranças tucanas, como o presidente nacional do partido, Marconi Perillo; o presidente do diretório estadual de São Paulo, Paulo Serra; o presidente da federação PSDB-Cidadania no estado, Duarte Nogueira; e o presidente do diretório municipal da legenda na capital, José Aníbal.
A própria Tabata também deve comparecer. A ideia da deputada é contar com Datena como seu parceiro de chapa na corrida municipal, como candidato a vice. A transferência de Datena para o PSDB sacramentaria o apoio dos tucanos à candidatura da parlamentar.
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Apesar da tendência de ocupar a vice de Tabata, não está descartada a hipótese de o PSDB optar por uma candidatura própria à sucessão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Se isso ocorrer, o nome do partido seria justamente o de Datena.
A chegada do apresentador praticamente afasta uma terceira possibilidade que vinha sendo costurada nos bastidores – o retorno à legenda do ex-vereador Andrea Matarazzo (PSD), que teve o nome especulado como potencial candidato tucano neste ano. Em 2020, Matarazzo foi candidato a prefeito pelo PSD e obteve apenas 1,55% dos votos (82.743). Caso não tenha candidato à prefeitura, será a primeira vez que isso ocorre em São Paulo desde que o PSDB foi fundado.
“O PSDB quer recuperar seu protagonismo. Não podemos deixar que usem nossa legenda para negociar acordos políticos aqui ou ali e não termos protagonismo no processo. Temos de falar, nos posicionar e dizer o que o partido pensa que seria importante para a cidade de São Paulo”, afirmou José Aníbal, presidente municipal do PSDB na capital, em entrevista ao InfoMoney.
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O apresentador da TV Bandeirantes já passou por 10 partidos em sua trajetória política, embora jamais tenha se candidatado a nenhum cargo. Antes de trocar o PSB pelo PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil e PSC.
No fim de março, o diretório do PSDB na cidade de São Paulo decidiu, por 9 votos a 2, que a legenda não apoiaria a candidatura à reeleição do prefeito Ricardo Nunes.
Em 2020, quando o tucano Bruno Covas (PSDB) foi eleito, Nunes era o vice na chapa. Ele assumiu o posto máximo da maior cidade do país após a morte de Covas, em 2021.
Ao rechaçar o apoio à reeleição do atual prefeito, o PSDB desagradou a uma corrente significativa do partido na capital, capitaneada por secretários tucanos do atual governo, que defendiam o apoio a Nunes sob o argumento de que se trata da continuidade da gestão Covas. Esta era a opção defendida, inclusive, pelo filho do ex-prefeito, Tomás Covas.
Também houve forte resistência no Cidadania, parceiro do PSDB em uma federação partidária e que também tem nomes que fazem parte da atual administração municipal.
Na semana passada, os oito vereadores do PSDB em exercício na Câmara Municipal de São Paulo anunciaram a saída do partido: Aurélio Nomura (rumo ao PSD), Rute Costa (PL), Sandra Santana (MDB), Beto Social (Podemos), além de Gilson Barreto, Fábio Riva, João Jorge (todos rumo ao MDB) e Xexéu Trípoli (que ainda não definiu seu destino).
O único representante do PSDB que, em tese, ainda pode permanecer no partido é o atual secretário municipal de Assistência Social da gestão Nunes, Carlos Bezerra Júnior, que está licenciado do mandato parlamentar, mas deve retornar à Câmara na próxima semana para disputar a reeleição. Ele ainda não definiu se fica ou sai da legenda.
De acordo com o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vereadores e deputados que desejam concorrer a algum cargo nas eleições de 2024 têm até o dia 5 de abril para trocar de partido sem prejuízo de seus mandatos. Se Bezerra Júnior também deixar o PSDB, o partido ficará sem nenhum representante no Parlamento municipal.
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Tucanos em crise
Como mostrou reportagem publicada pelo InfoMoney, o PSDB vive a maior crise de seus quase 40 anos de história. Após polarizar com o PT todas as eleições presidenciais entre 1994 e 2014 (venceu 2 e foi derrotado em 4), a legenda perdeu relevância nacional e ficou fora do segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto em 2018. Na ocasião, o ainda tucano Geraldo Alckmin (hoje no PSB e vice-presidente da República) obteve pouco mais de 5 milhões de votos (4,76%), em um discreto quarto lugar.
Em 2022, após uma guerra fratricida entre João Doria (ex-governador de São Paulo) e Eduardo Leite (hoje governador do Rio Grande do Sul), o PSDB nem sequer lançou candidatura própria. O partido apoiou Simone Tebet (MDB), terceira colocada, com 4,9 milhões de votos (4,16%), que hoje ocupa o Ministério do Planejamento e Orçamento no governo Lula.
Desde 2018, ano que marcou consolidação de Jair Bolsonaro como maior antagonista do PT, deixaram o partido nomes como Geraldo Alckmin, Arthur Virgílio Neto (ex-líder do PSDB no Senado, ex-ministro de FHC e ex-prefeito de Manaus) e Xico Graziano (fundador da sigla, ligado a FHC e José Serra).
Também se desfiliaram do PSDB os ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia, além do deputado federal Carlos Sampaio (SP) e da senadora Mara Gabrilli (SP), ambos com destino ao PSD de Gilberto Kassab. Cobiçado pelo PL, de Bolsonaro, para disputar a prefeitura de Curitiba, o ex-governador do Paraná e deputado federal Beto Richa esteve a um passo de deixar o partido, mas recuou após ameaças da direção nacional do PSDB de que reivindicaria seu mandato em caso de saída.
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