As doenças transmitidas pela água são, agora, um risco no Rio Grande do Sul, conforme os gaúchos começam a iniciar esforços de limpeza em suas casas que foram alagadas, dizem autoridades de saúde no Estado.
“Nossa maior preocupação hoje é a leptospirose. Já observamos um aumento de casos nas últimas semanas epidemiológicas”, disse a chefe da Vigilância Sanitária do Estado, Roberta Vanacor.
Desde o início das chuvas, sete pessoas morreram devido à doença, que é causada em grande parte pela presença de urina de ratos infectados em águas paradas. Outras 10 mortes suspeitas estão sob investigação, com quase 2.300 casos potenciais notificados, dos quais 141 foram confirmados.
Para fazer frente à grande demanda por atendimento médico, quatro hospitais de campanha no Estado foram montados, além de equipes móveis, que já atenderam a milhares de pessoas.
De acordo com o Ministério da Saúde, as inundações permitiram o florescimento da bactéria, facilitando os surtos. E à medida que os residentes regressam às suas casas, poderão encontrar visitantes.
“Cobras, escorpiões e aranhas: esses animais peçonhentos também buscarão abrigo da água da chuva em locais mais secos”, disse Vanacor.
Impacto mental
As autoridades também alertam sobre o impacto mental que a destruição causou.
“Há uma certa fragilidade neste momento para a população”, disse o tenente-coronel Mauricio Specterow, que dirige um hospital de campanha na capital Porto Alegre.
Uma das milhares de vítimas das enchentes, Joyce Fauth Correa chora ao entrar em sua casa, no bairro de Navegantes. A enchente, que chegou até seu ombro, baixou, mas deixou no lugar uma espessa camada de lama sobre toda a casa.
“Você vê tudo o que conquistou, que lutou (para ter), toda a sua história, ir para o lixo.”