A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apresentou nesta sexta-feira (12) as novas diretrizes para a medição da pressão arterial. O documento foi elaborado por 67 profissionais e apresentado durante o 1° Encontro de Departamentos da Cardiologia, evento que ocorre até este sábado (13) em São Paulo, e recomenda a aferição também fora do consultório para um melhor diagnóstico.
A hipertensão arterial é uma das principais causas de morte em todo o mundo e um dos maiores fatores de risco para doença arterial coronária, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal. As diretrizes internacionais, a partir de agora adotadas também no Brasil, salientam a importância de se fazer o diagnóstico da hipertensão e o acompanhamento com medidas fora do consultório, o que proporcionará a melhor avaliação de cada quadro.
“Em torno de 20% dos pacientes que têm a pressão verificada no consultório ocorre a chamada ‘hipertensão do avental branco’, ou seja, a pessoa chega no consultório e a pressão dá mais alta do que normalmente é”, explica o cardiologista Eduardo Barbosa, chefe do Serviço Hipertensão e Cardiometabolismo do Hospital São Francisco em Porto Alegre.
Em 7% a 8% dos hipertensos, ocorre o inverso. Durante a consulta, a pressão tem resultado considerado normal, mas sobe após a pessoa deixar o consultório. “Juntando as duas situações, em torno de 30% das pessoas que medem a pressão no consultório o resultado não é verdadeiro. Por isso a importância de fazer o diagnóstico da pressão com medição em outros momentos”, destaca Barbosa.
Para isso, são empregadas três ferramentas: a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa), a Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) e Automedida da Pressão Arterial (AMPA). Com essas técnicas é possível obter um perfil da pressão do paciente ao longo do dia.
É importante que a aferição não ocorra quando a pessoa está em situação de estresse ou dor de cabeça e nem com as pernas cruzadas, por exemplo, pois isso vai influenciar no resultado da pressão, que será jogada para cima.
O cardiologista, que é professor na Feevale, lembra que as mulheres, a partir da menopausa, têm tendência a desenvolver hipertensão e portanto devem estar atentas a isso. Para a população em geral, o ideal é pelo menos uma vez por ano verificar a pressão arterial. Se o resultado for entre 140 por 90, a pessoa deve consultar um médico para avaliar se está hipertensa e confirmar o quadro, fazendo as medições no consultório e fora.
Barbosa lembra que é preciso ter cuidado com os equipamentos de uso residencial e buscar sempre os validados para evitar leituras erradas. Os que são colocados no pulso, por exemplo, nem sempre dão o resultado real da pressão.
Segundo o relatório Estatística Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 24% da população brasileira é hipertensa, sobretudo entre as pessoas com mais de 65 anos (61%). A nova diretriz para a medição da pressão arterial requer políticas de saúde pública atualizadas e profissionais e serviços capacitados para atender os brasileiros neste sentido.
Classificação da pressão arterial de acordo com a medida no consultório a partir de 18 anos de idade
Classificação: Pressão Arterial Sistólica (mmHg) e Pressão Arterial Diastólica (mmHg)
Ótima: < 120 e < 80
Normal: 120-129 e/ou80-84
Pré-hipertensão: 130-139 e/ou85-89
Hipertensão estágio 1: 140-159 e/ou85-89
Hipertensão estágio 2: 160-179 e/ou100-109
Hipertensão estágio 3: 180 e/ou 110
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia