Grandes Obras

Subida da Ramiro vazia

Subida da Ramiro vazia



Como as saídas de Porto Alegre pela Zona Norte estão bloqueadas, o fluxo mudou. Se avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves estão entupidas, a subida da rua Ramiro Barcelos, antes da Independência, está assim no meio da tarde. Normalmente havia engarrafamento, com o fluxo em direção a Castelo Branco e freeway. Agora, este é o novo normal.

 

Do youtube ao carrinho de súper

O ano é 2015. Sento na cadeira do engraxate. Ele coloca aqueles protetores laterais entre as meias e o calçado, abre sua gaveta de graxas e tintas e começa a trabalhar. Encostada numa parede está uma mulher que estava a conversar com ele quando eu interrompi o papo ao sentar na cadeira. Depois da escovada para tirar a poeira superficial, retoma a prosa.

– Eu não entendi essa compra. Como tem gente burra nesse mundo, tu não concorda?

A mulher concorda.

– Pois eu falei pra ela, como tu me compra um celular de 160 real que tem menos recurso que o de 100?

Ele começa a passar a pasta. Fiquei imaginando quem seria a burra, filha, irmã, tia. Ou a vizinha? Vejo que está fumando, joga fora a bituca e se volta para o amigo.

– E não se toca mesmo. Já quebrou até o table e agora quer outro. Não vou dar! Nem tenho recurso pra essa gastança.

A filha, então. Só pode. O engraxate faz tsk tsk tsk com a língua encostada entre o céu da boca e os dentes depois e fala.

– De cravar essa. Celular que nem aitubo tem…

Credo digo eu. Sapatos reluzentes vou para a roda do cafezinho. Encontro o fotógrafo Ricardo Stricher que me conta uma boa que viu e ouviu no Brique da Redenção. Dois vendedores discutem e um deles trucida o outro.

– Tu é muito do chinelão, cara! Tu não tem nem carrinho de supermercado!

Como eu sempre digo, o mundo e os sonhos de consumo dos que vivem na pobreza é incompreensível para quem está numa boa. E é a maior parte do Brasil.

O balde

Sugestão para quem não tem água para a descarga do vaso é colocar baldes em áreas abertas e esperar a chuva que vem.

Fuga ao Litoral

Pelo menos um alívio para quem depende de ônibus para ir e voltar do Litoral. A Unesul está disponibilizando alguns horários.

Sensibilidade

Em plena catástrofe, a seguradora do Itaú está aumento o preço dos seguros dos clientes.

Impostos

Pequenas empresas da área de serviços que optaram pelo lucro presumido precisam pagar os impostos mensais sem alívio por parte da Receita. Pelo menos o prazo poderia ser esticado.

Roda quebrada

Se aqui a situação das empresas não é boa em função da queda do consumo, lá fora a roda tem dentes quebrados. A Coteminas (empresas do setor têxtil), do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, entrou em recuperação judicial.

Boa ideia

O senador gaúcho Ireneu Orth (PP) apresentou projeto de lei propondo o remanejamento de R$ 2,2 bilhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para apoiar a recuperação do RS.

Carlos Bastos

A trajetória de Carlos Esquivel Bastos retratada nesta edição, poderia ser multiplicada por 10, tamanha a sua importância para o jornalismo gaúcho. Está lá parte dos veículos em que trabalhou, mas como o conheço e trabalhei com ele desde a segunda metade dos anos 1960, Bastinhos tem facetas que vão muito além do currículo profissional.

Para começar, nunca conheci pessoa que não gostasse dele. Isso é uma façanha, porque no jornalismo essa unanimidade é muito rara. Em segundo lugar, Bastos desempenhou seu trabalho sempre de forma brilhante, fosse qual fosse o veículo – inclusive aqui no Jornal do Comércio.

Há uma terceira faceta que também é rara, o bom humor com que leva a vida e que contagia os que o conhecem. Nunca vi uma carranca ou explosão de raiva, outra coisa rara no jornalismo. É o tipo de pessoa que podemos dizer que melhorou todos os lugares por onde passou, inclusive nas relações humanas.

Por fim, tem histórias fantásticas, e que sabe contar. Vale ler a Reportagem Cultural.

Primeira impressão

Cheguei em Tramandaí às 17h08min desta quinta-feira, saí de Porto Alegre às 14h26min. Peguei a RS-040, bastante movimento até Viamão, depois tranquilo pela BR-101 até Osório. Bastante movimento de volta.

A cidade tem muita gente, mas não sei como está o Centro. Vi moradores de outras cidades chegando bastante aflitos, feições com mistura de alívio e preocupação.

O que causa apreensão é a volta das chuvas. Como de hábito, as ruas têm muitos buracos.

Na orla, no calçadão, muita gente jogando futebol 7 e vôlei em um dia de céu claro. Mar azul e calmo. Hoje não vou sair, moro perto do mar, mas amanhã vou conferir o centro.

Mercado imobiliário…

Em Torres, no Litoral Norte gaúcho, há solidariedade também no mercado imobiliário. Empresas com demanda repentina tentam sensibilizar proprietários a manter valores de aluguéis reduzidos para ajudar os que buscam abrigo de última hora.

Reconstrução do RS

Reconstrução, reconstrução. Se a guerra ainda está longe de terminar, como vamos reconstruir, salvo de forma individual?



Fonte: Jornal do Comércio

administrator

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *