Como a urbanização pode mudar o futuro dos empreendimentos? De que maneira a industrialização eleva o planalto da construção civil? Qual é o novo perfil do cliente imobiliário? Essas e outras questões nortearam o segundo dia do Construsummit 2022, que se concentrou nas principais tendências da indústria da construção e como o setor irá se conviver com uma sociedade cada vez mais digitalizada.
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A cidade do futuro
Iniciamos o segundo dia do evento com uma palestra muito especial sobre: “Urbanização: a construção da cidade de amanhã”, apresentada por Raul Juste Lores, jornalista, escritor e criador do canal ” São Paulo na Alturas “.
Lores trouxeram diversas provocações e reflexões sobre o futuro das cidades no Brasil, por exemplos de projetos” fora da caixa ” em prédios históricos e universidades de locais como Pequim, Seul, Porto e Barcelona.
Segundo Lores, para que os temas de urbanização e planejamento das cidades tenham avanço no país, é preciso discutir e reconsiderar as leis de otimização dos espaços, uma vez que privilegiem a construção de condomínios fechados em locais onde deveria ter agricultura ou áreas verdes, enquanto outros espaços pequenos das cidades tornam-se inutilizáveis ou são transformados em estacionamentos, por exemplo.
” Nós já sabemos como fazer cidades compactas e com pouco consumo de CO2. Nós perdemos dinheiro por tornar as cidades mais espraias horizontalmente. Quem é ousado está tendo resultados, para arquitetura, estética e ousadia, venda para fora “, disse Lores.
Imposto imobiliário como um serviço surge como uma forte tendência da indústria da construção
Complementar as discussões sobre urbanismo e arquitetura, a programação abordou a revolução digital como o futuro da habitação. O foco foi o conceito de imobiliária como um serviço, no qual o consumidor abre o sonho de adquirir a casa própria para viver em locais privilegiados a custos baixos e sem a burocracia dos aluguéis convencionais.
Nesse contexto, Alexandre Frankel, CEO da Housi e presidente do Conselho de Administração da Vitacon, mostrou como os empreendimentos podem ir além do que apenas uma habitação, agregando conveniências aos espaços como aluguel de bicicletas, instalações em compras de aplicativos ou, ainda, atividades rotineirais como lavar suas roupas, em um único lugar.
A startup criou um ecossistema de serviços em seus edifícios, que conecta os moradores a todas as suas necessidades, gerando uma experiência completa para quem vai viver, maior ocupação e lucratividade para o dono do investidor e mais argumentos de vendas para o incorporador.
” O mercado imobiliário não pode mais ser desassociado com serviços e tecnologia. Não dá para pensar em apenas o teto, a arquitetura ou a tipologia. Começamos a falar de serviços e instalações. Nós conectamos os edifícios a uma infinidade de aplicações que são serviços reais e tudo isso se torna uma grande comunidade “, frisou Frankel.
Industrialização da construção civil
Não tem como falar de tendências na indústria da construção sem falar em industrialização. Ou melhor: em como transformar as obras ‘ canter em linhas de montagem. Esse é o principal princípio da industrialização da construção civil, uma tendência mundial que visa aumentar a produtividade e a otimização do tempo nas obras.
Isso porque utiliza materiais pré-fabricados, automatização e sequenciamento de processos e especialização da mão de obra, como se fosse uma linha de montagem de fato. No Brasil, já vemos um movimento do setor em direção a essa inovação e o Construsummit trouxe um caso real dessa nova forma de construir.
O Brasil até o Cubo, que atua com soluções construtivas ágeis nos segmentos industrial, hospitalar, residencial e edificações, apresentado como a industrialização do setor pode reduzir prazos em diferentes tipologias e o que engata essa metodologia.
Para se ter uma ideia, a execução de um projeto residencial de 1500 m²-que no método construtivo convencional levaria cerca de 24 meses-leva cerca de seis meses com o Brasil para o Cubo.
De acordo com Ricardo Mateus, fundador da empresa, a grande inovação e o sucesso deste modelo se deve à gestão horizontalizada e à digitalização e inteligência de projetos das obras. “Integrar toda a engenharia em pré-construção e planejar a modelagem perfeita da obra de arte virtualmente nos faz antecipar muitos problemas que eventualmente poderemos ter“, explicou.
Além de utilizar o BIM e o software incorporado no projeto, o empreendedor ressaltou a importância de um processo operacional padronizado e o desenvolvimento de pessoas como fatores importantes do modelo de construção ágil.
Houve, ainda, um debate sobre a importância de se repensar os empreendimentos e obras do futuro, que contou com as participações de Raul Juste Lores, Alexandre Frankel, Ricardo Mateus e Valério Gomes Neto, Presidente do Conselho de Administração de empreendimentos da Pedra Branca.
Painel de debates no Construsummit 2022
O diálogo reformou a importância de estreitar as relações com o poder público a fim de discutir estratégias e leis que estimulem a construção de endereços que promovam a vivência, o trabalho, e vivendo em comunidade em um único bairro, considerando, inclusive, o retrofit dos centros urbanos.
Jornada do Cliente
A compreensão de como a persona do mercado imobiliário se comporta durante a jornada de compra é fundamental para oferecer os estímulos necessários para fechar a venda. Hoje, os clientes já fazem uma compra de imóveis de forma totalmente digital, desde a visita até a assinatura do contrato.
Diante disso, a importância da jornada do cliente também foi destaque na programação. O CEO da CVCRM-Sales Builder, Fabio Garcez, ressaltou que o processo de venda de um empreendimento engloba a integração de todas as ações para que o cliente tenha a melhor experiência.
” É fundamental adaptar-se para entender o perfil do cliente, de qual geração faz parte e quais são suas características para ter uma abordagem bem-sucedida. Uma precisa entender o cenário para traçar a jornada e a experiência, pensando sempre na ótica do cliente da incorporadora “, enfatizou.
Fabio Garcez, CEO do CVCRM-Sales Builder
Pistas Paralelas discutiram várias tendências da indústria da construção
Além do plenário presencial, as salas online (Sala Sienge e Sala CV) apresentaram discussões sobre temas relevantes e diretamente ligados a toda a cadeia de construção, desde o pré até o pós-trabalho. Por exemplo:
- ESG: o chalcomprimentos e oportunidades dessa tendência, com exemplos práticos de construtoras e incorporações que são referência no assunto, como MBigucci, Setin Incorporator e Cury Constructor. Confira o post exclusivo sobre empresas ESG, que destaca as experiências dessas construtoras.
- Marketing: dicas práticas sobre como conhecer, engajar e converter leads nos clientes;
- Industrialização na construção civil: casos reais da revolução na construção civil através de construções modulares, além de debates para entender como os grandes fornecedores do setor estão suportando essa inovação;
- Vendas: reflexões sobre a precificação imobiliária em um cenário incerto, além de exemplos de como escalar vendas com atendimento em tempo real.
Conclusões e insights
Nós tínhamos muito conteúdo e realmente fica difícil resumir tudo em post único. Mas, além das tendências da indústria da construção que destacamos neste post, podemos ressaltar quatro temas principais que nortearam a programação do Construsummit 2022:
- o cenário macroeconômico e o quanto o setor precisa ganhar em eficiência e produtividade para superar as dificuldades;
- o ambiente regulatório e como um mercado ganhará uma nova dinâmica com o rearranjo de crédito, que pode impulsionar o setor;
- o futuro da construção, que envolve a sustentabilidade, a produtividade e a integração em cadeia;
- e, finalmente, a inovação e como ela pode integrar todos esses itens.
” O mercado está em transformação e sabemos que há muitos desafios para a indústria da construção, e que serão superados com o aumento da eficiência e da produtividade. Imóveis como serviço, blockchain, tokenização, metaverso, são pontos que vão prosperar mediante mudanças culturais, transformando como comprar, vender e utilizar um imóvel. O futuro chegou e ele está aqui “, destacou Ionan Fernandes, CEO da Sienge.
O Construsummit 2022 também marcou a retomada dos eventos presenciais do Sienge e reuniu conhecimento e tecnologia em mais de 58 horas de conteúdo, distribuídas entre o plenário presencial e as salas online de programação simultânea.
Ao longo de todo, foram mais de 75 palestrantes, 23 patrocinadores e 15 apoiadores do evento que promoveu integração, tecnologia e impulsionou a inovação em toda a cadeia de construção. Foi um sucesso e nós já estamos com saudades!
Nos vemos no Construsummit 2023! Até lá!
E não deixe de conferir os insights superiores a partir do primeiro dia de Construsummit 2022!