A Executiva Nacional do União Brasil decidiu durante reunião em Brasília nesta terça-feira 14 afastar definitivamente da presidência da legenda o deputado federal Luciano Bivar (PE). O relatório, da senadora Dorinha (TO), foi favorável pelo afastamento definitivo da presidência da sigla, sem a expulsão do partido.
No final de março, o partido decidiu afastar Bivar da presidência e encaminhou o pedido de expulsão à comissão de ética da agremiação. A representação alegava que ele estaria “utilizando a estrutura partidária” para “perseguir” o advogado Antonio de Rueda (eleito presidente do União no final de março) e seus familiares, “praticando condutas criminosas de toda ordem”.
Procurado por CartaCapital, Bivar ainda não se manifestou.
O afastamento representa um desfecho à série de trocas de acusações protagonizadas entre as alas lideradas por Bivar e o advogado. A tensão se intensificou após um incêndio em duas casas de praia de Rueda no litoral de Pernambuco.
Entre outros pontos, integrantes da sigla atribuem a Bivar as seguintes infrações:
- indícios de motivação política criminosa nos incêndios que destruíram as casas de Rueda e da tesoureira do partido, Maria Emília Rueda, sua irmã;
- violência política contra mulher;
- validação de cartas de desfiliação de seis deputados do União Brasil do Rio de Janeiro sem submeter à decisão colegiada do partido.
O incêndio ocorrido no início de março, porém, representou apenas o ponto mais alto da disputa pelo comando do partido criado em 2021 a partir da fusão entre PSL e Democratas. A sigla acumula um histórico de amizades desfeitas, acusações e brigas que chegaram a parar na Justiça.
Hoje, Bivar é alvo de um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal e apura as supostas ameaças a Rueda e familiares. As investigações foram autorizadas pelo ministro Kassio Nunes Marques, já que o deputado possui foro por prerrogativa de função na Corte.
Os advogados do atual presidente da sigla afirmam existir uma “pluralidade de indícios” que ligam o parlamentar ao incêndio, “ainda que não se possa afirmar solenemente a autoria do deputado no caso”. Para a defesa, o episódio “revela a escalada da violência política”.
Antes de se tornarem adversários, contudo, os dois caciques do União chegaram a dividir a direção do Sport Recife, time de futebol pernambucano.
O momento determinante para o afastamento foi uma reunião do partido, em agosto de 2023, na qual Bivar teria xingado o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, aos gritos. Aliado de Rueda, o dirigente era presidente do DEM antes da fusão e contrário à aproximação do partido ao governo Lula (PT).
Antes disso, Rueda já havia iniciado a articulação com caciques da sigla que estavam insatisfeitos com as decisões do parlamentar à frente do União e se uniram para antecipar a troca no comando do partido.
Na véspera da convenção para escolher o novo presidente da agremiação, Bivar convocou jornalistas para uma coletiva de imprensa, ampliando o clima de tensão. Na ocasião, ele chamou Rueda de “covarde” e disse ter “graves denúncias” sobre o correligionário, mas não apresentou nenhuma prova.
De acordo com o jornal O Globo, a guerra de bastidores entre os dois chegou até mesmo a envolver uma suposta ameaça de morte. O líder da bancada na Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), anunciou a cerca de 20 colegas que Bivar havia tentado intimidar Rueda.
A colegas, o parlamentar baiano ainda afirmou ter ouvido a gravação de uma conversa entre os dois dirigentes na qual Bivar teria repetido que sabia onde Rueda morava, além de citar a rotina da família dele.