Assim como a previsão do tempo, os relatórios que preveem o nível das cheias também passam por mudanças constantes. Antes consternada pelo possível pico das cheias durante a semana, a cidade de Rio Grande viu, no novo relatório da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), divulgado no sábado (18), a expectativa de estabilidade no nível da Lagoa dos Patos. No entanto, apesar da notícia parecer boa, o cenário segue preocupante.
Neste domingo, o estuário registrou a marca de 2,43m, com 53 cm acima do nível do Cais. Ele deve permanecer com essa média nos próximos dias, variando com quedas até os 30 cm além da cota. Antes, a previsão era de que a água chegasse ao menos aos 2,7m.
O professor e integrante do Comitê de Avaliação e Prognóstico de Eventos Extremos da Furg Éder Maier, explica porque não há otimismo em relação ao novo levantamento da universidade: “nossa grande preocupação é que esse alagamento vai ser prolongado durante toda a semana. Isso significa que seguimos com inundação, com as pessoas desabrigadas e os danos às residências”. Ele ainda destaca que a Lagoa não deve baixar da cota do Cais (1,9m) antes do final do mês.
Com ampla estrutura para receber os desabrigados – 632 na manhã de domingo –, o município ainda conta com o suporte da área da saúde. O Hospital Universitário (HU) da Furg inicia, nesta segunda-feira, em parceria com a Unidade de Saúde da Mulher (Umul), o atendimento às gestantes do Pré-Natal no Ambulatório de Gestação de Alto Risco.
Além de Rio Grande, a Zona Sul do Estado segue em alerta. Na vizinha Pelotas, a semana deve ser ainda pior. Com a Lagoa dos Patos se mantendo em alta, registrando 2,73m no final de tarde de domingo – Maier destaca que o vento é determinante para que haja esse desnível no estuário entre as cidade vizinhas –, e o canal do São Gonçalo na média dos 3m, a cidade se prepara para receber a segunda leva das cheias que atingiram o lago Guaíba.
A prefeita Paula Mascarenhas expõe a preocupação para os próximos dias. “Os matemáticos, hidráulicos e meteorologistas estão calculando a chegada das águas do segundo pico do Guaíba a partir desta segunda até quarta-feira. Ao mesmo tempo, o vento está mudando, indo para o sentido nordeste, que pode fazer com que essas águas cheguem mais rápido. Também temos uma chuva forte prevista para quarta, de pelo menos 50 mm. Muitas variáveis que estão se organizando de forma desfavorável, por isso estamos entrando nesta semana com muita preocupação, provavelmente será o momento mais crítico das cheias por aqui”, alerta.