No começo dos anos 1990, a abertura comercial no Brasil possibilitou a entrada de produtos importados. Foi esse cenário que influenciou a empresária Sonia Diniz Bernardini a inaugurar a Firma Casa, loja de design contemporâneo que ajudou a firmar a cultura moveleira no país. Após se encantar por novos profissionais e peças que encontrava em feiras e exposições mundo afora, em 1994 ela finalmente decidiu trazê-los para o mercado nacional sob a alcunha “Firma” – que significa, em italiano, “assinatura”. A estratégia foi expô-los em um showroom com cara de casa na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, o que fez de Sonia uma das pioneiras do endereço que hoje atrai arquitetos e decoradores de todo o país.
Na época, com paixão e experiência na área – ela possuía uma assessoria de decoração que produzia cortinas, colchas e tapeçaria –, Sonia se apoiou em uma visão vanguardista para fazer a curadoria dos móveis. “Sempre escolhi peças e estéticas diferentes para compor meus espaços. O clássico e o tradicional nunca me agradaram. Sentia falta de ter essa ousadia no Brasil”, reflete. “Era uma época em que o design contemporâneo ainda estava no início. Poucas pessoas sabiam o que era e a maioria desconhecia os profissionais prestigiados da área.”
Assim, a empresária estreitou laços com marcas europeias como a Zanotta, reconhecida pelos móveis assinados por designers italianos como Carlo Molino e Gae Aulenti, e a Moroso. Também firmou uma parceria com os irmãos brasileiros Humberto e Fernando Campana, já prestigiados na Europa, mas ainda pouco conhecidos no país de origem. “Virei para eles e falei: ‘tudo o que vocês fizerem lá fora eu vou trazer de volta para o Brasil’”, comenta.
Cultura brasileira em destaque
As peças da dupla, com design iconoclasta e forte viés artístico, logo se tornaram best-sellers da Firma Casa. Entusiastas da área e estudantes de arquitetura visitavam a alameda para conhecer itens como a luminária Estela, a poltrona Vermelha e a cadeira Banquete. Até hoje, a loja é a única do Brasil a representar a dupla, e, atualmente, a curadoria com assinatura Campana engloba a linha de bufês Ripas, os móveis Capacho, o banco Dois Irmãos e mais – todos de edição limitada.
Apesar do foco inicial na importação, Sonia sempre deu aos brasileiros lugar de destaque. Profissionais como Luciana Martins e Gerson de Oliveira, Jacqueline Terpins, Francisco de Almeida e Claudia Moreira Salles tiveram suas peças vendidas e participaram de exposições promovidas nos espaços. Esse movimento também foi previsto por Sonia: “Ao longo dos anos, percebi que as pessoas estavam procurando por exclusividade, itens limitados que flertavam com o processo artesanal. Isso me fez apostar em vários jovens que tinham essa proposta”. Ela menciona ainda o trabalho autoral do estúdio Nada se Leva, de Guilherme Leite Ribeiro e André Bastos, que desde 2007 é parceiro da Firma Casa.
O faro também é apurado para designers internacionais. A última descoberta da empresária foram as peças do estúdio ucraniano Woo, que chamam a atenção por sua estética orgânica. Artistas como Philippe Stark, Thomas Heatherwick e Monica Armani também estão no acervo e seus produtos podem ser encomendados com previsão de entrega de até 120 dias.
Para comemorar o aniversário de três décadas da loja, algumas novidades: uma identidade visual inédita, um site atualizado e uma exposição. Conheça mais detalhes do acervo, composto por mais de 350 itens, no site oficial.