O ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) tornou a chamar a senador Janaína Farias (PT-CE) de ‘cortesã’. Ele negou, porém, qualquer acusação de machismo no caso. A repetição do termo, vale frisar, pode gerar consequências para o político, que estava proibido pela Justiça de proferir novas ofensas contra a parlamentar.
A repetição do ataque contra a senadora ocorreu neste domingo 26, em uma entrevista publicada pelo jornal O Globo. Na conversa, o político foi questionado se o uso dos termos ‘cortesã’ e ‘assessora para assuntos de cama’ não seriam declarações machistas. Ele negou e optou, então, por repetir as ofensas.
“Eu disse isso [‘cortesã’ e ‘assessora para assuntos de cama’] depois, porque é exatamente o que ela é. Falei que ela era incompetente e despreparada. Nessa entrevista, eu disse que não se faz uma obra pública no Ceará sem cobrança de propina. Falei do patrimonialismo do Camilo Santana. Por isso, veio a derivação para o sexismo. Então, a mulher entra na política e é imune? Ela é, hoje, uma cortesã portando um mandato de senadora. Ela está lá por um capricho do Camilo Santana ou porque ele está sendo chantageado. Não estou falando dela. Estou falando do Camilo”, disse Ciro ao jornal.
Ele alega não estar sendo machista no episódio por proferir os ataques em meio a uma denúncia que tem um homem – o ministro da Educação Camilo Santana – como alvo principal.
“Uma confusão que fizeram comigo, argumentando misoginia. Durante uma entrevista de 47 minutos, fiz uma denúncia contra o ministro da Educação por dois minutos. Não foi contra a cidadã. Foi contra o ministro, que manipula de forma absolutamente patrimonialista e corrupta o Ceará”, alegou o pedetista.
Em seguida, tornou a direcionar críticas para Janaína Farias:
“Faça quatro perguntas básicas a ela sobre geografia, economia, demografia do Ceará…Você vai ver. Se fosse um homem, seria a mesma coisa. Mas, por ser mulher, não pode”, lamentou o ex-ministro.
A senador Janaína Farias ainda não comentou as novas ofensas.
Fora da eleição
Na conversa com o jornal, Ciro também garantiu que não irá mais participar como candidato em uma eleição após receber apenas 3% dos votos na última eleição.
“Estou tentando ver se encontro outros modos prazerosos de exercitar minha vocação. Não quero mais depender da aprovação ou da crítica sebosa de eleitor“, afirmou Ciro.
Ele reconheceu, ainda, estar isolado politicamente após romper com o seu irmão, Cid Gomes, que saiu do PDT rumo ao PSB. Na análise, o político se compara a Getúlio Vargas e Leonel Brizola.
“Nunca tive a ilusão de que esse conjunto de ideias pudesse ser popular. Mas não quero mais submetê-las a essa coisa eleitoral. Sou isolado? Sou. Imagina quantos isolamentos sofreu Getúlio Vargas. Brizola também morreu completamente isolado.”