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Mais da metade dos clientes ainda sem luz da RGE concentram-se na região de Canoas

Mais da metade dos clientes ainda sem luz da RGE concentram-se na região de Canoas



Uma das cidades mais afetadas pelas chuvas e enchentes do Rio Grande do Sul, a região de Canoas concentra mais da metade dos consumidores que continuam sem energia na área de concessão da RGE. Conforme o diretor-presidente da distribuidora, Marco Antônio Villela de Abreu, na tarde desta segunda-feira (27) eram cerca de 57,3 mil usuários sem luz no território de abrangência da empresa no Estado e desse total aproximadamente 37,3 mil encontravam-se no entorno de Canoas. O dirigente ressalta que o tempo necessário para o religamento de todos os clientes dependerá das condições climáticas futuras e de baixar o nível da água nos locais que continuam alagados.


Jornal do Comércio (JC) – Quantos consumidores da RGE continuam sem energia (informação do início da tarde desta segunda-feira)?

Marco Antônio Villela de Abreu – Cerca de 57,3 mil. Grande parte deles está em Canoas, cerca de 37,3 mil, fundamentalmente nos bairros Mathias Velho, Fátima, Rio Branco e Harmonia que estão com a maior parte dos clientes desligados por segurança. Nós temos que esperar a água baixar para religar a rede. Nós tivemos duas situações bem diferentes: na Serra, Vale do Taquari e Vale do Rio Pardo houve destruição de rede e na região Metropolitana e Vale do Sinos não tivemos tanta correnteza, que é o que destrói as redes.

JC – Que cidades registraram mais estragos?

Villela – No Vale do Taquari, principalmente, algumas casas foram totalmente destruídas. Nós estamos diagnosticando, não temos o número final ainda, mas Cruzeiro do Sul, Sinimbu, Roca Sales e Muçum tiveram bairros totalmente destruídos.

JC – Quantos clientes da RGE ficaram sem energia no auge dos problemas?

Villela – Pegou (os reflexos do evento climático) toda a área de concessão da RGE e tivemos um pico de 317 mil clientes desligados, o que é em torno de 10% dos clientes da empresa. Eu tenho mais de 30 anos de carreira e foi a maior catástrofe que já vivi na minha vida, assim como uma situação inusitada, de não ver a água baixar. Geralmente, os temporais, os ventos fortes e a água ficam dois a três dias no máximo e depois a gente reconstrói, já liga os clientes. Dessa vez não. A gente está quase há trinta dias dependendo de a água baixar, esse é um fato muito diferente.

JC – É possível fazer uma previsão de religamento total dos consumidores afetados?

Villela – Depende da água. Nós temos previsão de chuva nesta segunda e terça-feira (28). E o que tem acontecido é que tem chovido mais do que o previsto. Muito volume de água em regiões que não secam. E está muito frio e úmido, então tudo demora mais para voltar ao normal. Nós estamos prontos, assim que for possível vamos religar todos os clientes com segurança. Temos um plano para cada bairro, porque a água vai baixar antes nos bairros que estão mais longe dos rios.

JC – No começo dos problemas com o evento climático, qual foi o foco de atendimento da distribuidora?

Villela – Em um momento como esse, a nossa prioridade é sempre restabelecer as cidades, principalmente a área urbana com serviços essenciais: hospitais, postos de saúde, fornecimento de água e telefonia. No pico dos acontecimentos, nós tivemos 72 municípios totalmente desligados na área de concessão (que abrange um total de 381 cidades). Conseguimos, depois de um tempo, religar todos. Mas, ainda temos algumas regiões, em torno de 60 municípios, em que enfrentamos problemas de acesso, queda de pontes e barreiras.

JC – A RGE contou com apoio para atender às ocorrências que surgiram?

Villela – Nós trouxemos equipes de São Paulo, do Grupo CPFL (controlador da RGE), que estão na região Metropolitana para nos ajudar a religar a energia na medida que a água baixa. E também estamos com 50 eletricistas da Celesc, de Santa Catarina, que no Vale do Taquari estão nos ajudando a reconstruir a rede. Além de ter trazido técnicos e eletricistas de todos os lugares da Fronteira (Oeste), porque a região, de Uruguaiana e Santana do Livramento, não foi muito afetada.

JC – Quando se fala no desligamento por questão da segurança, para evitar riscos de eletrocutamento, quem decide pelo corte de energia?

Villela – É uma ação conjunta. Geralmente, vem via Defesa Civil e prefeituras. Foi o que aconteceu no bairro Niterói (em Canoas) na semana passada. A gente já tinha religado parte do bairro e foi solicitado que fosse desligado novamente.

JC – A RGE já tem um diagnóstico do tamanho do prejuízo com o evento climático?

Villela – Não, porque estamos trocando equipamentos ainda. Mas, já trocamos e arrumamos cinco mil postes, para se ter uma noção.

JC – Quanto tempo será necessário para avaliar a perda financeira da concessionária?

Villela – Nós temos alguns impactos: o de reconstruir a rede e o impacto de vários clientes desligados, não está havendo medição (de consumo) de alguns consumidores. Então, tem todo esse contexto que eu acredito que em 60 dias a gente tenha um diagnóstico completo.

JC – Se colocar essa questão na tarifa do consumidor o reflexo será muito grande para os usuários, então como fazer para recompor a saúde financeira da concessionária?

Villela – A gente está estudando com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alternativas para que a gente não tenha tantos impactos assim.

JC – Na sua avaliação, quanto tempo para deixar a rede elétrica da RGE nas condições que estava antes das chuvas?

Villela – Em um primeiro momento, o foco é ligar o cliente, nem que a rede não esteja em uma condição tão ideal. Mas, se tiver condições de segurança e técnicas, a gente liga os clientes e aí sim, depois, faz a reconstrução com mais tempo. Eu acredito que para reconstruir tudo (e retomar o patamar de qualidade do fornecimento de energia anterior), conforme os nossos planos, vai até o final do ano.

JC – Como será feita a cobrança da conta de luz relativa a esse período da catástrofe climática?

Villela – Aquelas casas que foram destruídas não têm como fazer mais a leitura. Então, aí é cancelar o contrato e o cliente quando mudar faz um novo pedido de ligação com o CPF dele. Aqueles que tiverem consumo e que conseguirmos fazer a leitura, vamos emitir as faturas. Podemos flexibilizar, com parcelamentos e tudo mais. Mas, todos os clientes que foram impactados, praticamente, não tiveram consumo nenhum, o medidor está parado. Provavelmente, como ficou maio inteiro sem consumo, vai faturar pelo mínimo ou pela média. Porém, pela média seria injusto.

JC – A cobrança pelo mínimo é pela infraestrutura disponibilizada pela distribuidora para levar a energia até a unidade consumidora, correto?

Villela – É isso aí, o monofásico, o bifásico e o trifásico (o custo vai oscilando de acordo com a robustez da rede).



Fonte: Jornal do Comércio

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