O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou dois dias na Embaixada da Hungria após ser alvo de uma operação da Polícia Federal, no início de fevereiro, para investigar a trama golpista de 2022.
Quatro dias antes, ele havia tido seu passaporte apreendido e foi defendido pelo publicamente primeiro-ministro do país, Viktor Orbán. “Um patriota honesto. Continue lutando, senhor presidente”, escreveu o premiê em uma rede social. A relação entre os dois, contudo, é de outros carnavais.
Figura inspiradora para a ultradireita global, o premiê húngaro foi um dos poucos chefes de Estado que estiveram na posse de Bolsonaro, em janeiro de 2019. A última vez que a dupla se reuniu presencialmente foi no início de dezembro, na véspera da posse presidencial do ultradireitista Javier Milei, em Buenos Aires, na Argentina.
Orbán foi primeiro-ministro da Hungria entre 1998 e 2002, e retornou ao poder em 2010, sob uma insidiosa retórica anti-União Europeia, à qual a Hungria aderiu em 2004.
O Parlamento Europeu, por sua vez, considera a Hungria uma autocracia. O órgão já criticou a política do primeiro-ministro húngaro por infrações contra o Estado de direito, nepotismo, corrupção, cooptação dos meios de comunicação, neutralização da oposição e perseguição a minorias.
Em 2022, Órban apoiou Bolsonaro na campanha pela reeleição. “Meus amigos brasileiros! Vocês estão se preparando para uma importante eleição. Tenho servido meu país na Europa por mais de 30 anos. Já encontrei muitos líderes, mas vi muito poucos líderes tão excepcionais como o seu presidente, o presidente Bolsonaro. Fico feliz de ter tido a oportunidade de trabalhar com ele”, disse Orbán, em uma gravação.
Naquele ano, em pronunciamento conjunto com o líder de extrema direita da Hungria, Bolsonaro também chamou Orbán de irmão, “dadas as afinidades” em “praticamente todos os aspectos”.