Reconhecida por profissionais do meio e público em geral como um dos auditórios de música erudita mais impressionantes do mundo, a Sala São Paulo cativa não só pela arquitetura, que garante a sua excelência acústica, mas também pelo passado inusitado. Inaugurada em 1999, ela nasceu da transformação da antiga Estação Júlio Prestes, edifício emblemático erguido entre 1926 e 1938, como parte da Estrada de Ferro Sorocabana. Projetado pelos arquitetos Christiano Stockler das Neves (1889-1982) e Samuel das Neves (1863-1937), o prédio desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da indústria cafeeira nacional no séc. 19. Após o declínio da companhia ferroviária, a estação passou por um restauro cuidadoso até chegar às mãos do arquiteto Nelson Dupré, que se inspirou na conversão da Estação d’Orsay, em Paris, em museu, para a concepção do novo espaço. “Para transformar a estação em sala de concerto, foram necessárias adaptações inovadoras, como o forro móvel que se desloca por 26 m, além de passarelas de acesso e balcões, com isolamentos acústicos que utilizam vidros especiais, protegendo contra os sons das linhas férreas adjacentes”, explica Dupré, destacando os diferenciais do prédio, que celebra 25 anos de história em 2024. Não à toa, é a atual casa da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), e já foi mencionada pelo jornal britânico The Guardian como uma das dez melhores salas de concertos do planeta.