Embora o Guaíba esteja baixando lentamente, a água segue subindo dentro da cidade, caso do Centro Histórico de Porto Alegre, um dos primeiros lugares a ser inundado pela maior cheia da história. Além do nível da água nos prédios, também chama a atenção a quantidade de sujeira que veio junto. Há uma fronteira entre a parte seca e molhada, formada por um rastro de lixo. Essa imagem captada pela fotógrafa Tânia Meinerz na Rua Uruguai ontem diz tudo.
A ajuda que vale mais
Dentre tantas imagens comoventes mostradas pela televisão está a mobilização do povo de Brumadinho (MG), atingido pelo mar de lama da Vale, e que foi ajudado pelos gaúchos. Agora, mostram sua gratidão. Um morador idoso carregou um botijão de água para um caminhão de coleta explicando, quase como pedindo desculpas, que “é no que posso ajudar”.
Solidariedade catarinense
Entre tantas empresas de fora do Estado que fazem doações massivas, a Condor, empresa catarinense, participa da campanha “SOS Rio Grande do Sul”. Com o apoio da Defesa Civil, a marca contribuiu com mais de 130 mil itens essenciais para auxiliar as famílias afetadas, como vassouras, rodos, escovas de dente, esponjas, lixas e trinchas para pintura.
Rápido demais
Em situações de emergência, emissoras de televisão costumam colocar o endereço de e-mail ou telefone para ajudar, mas quase sempre botam e retiram rapidamente. Os telespectadores não têm tempo de pegar papel e caneta ou colocar na agenda do celular.
Assessorias alienadas
Choca ler e-mails vindos de outros estados e até mesmo do Rio Grande do Sul com artigos e ofertas de produtos com pagamentos a perder de vista. Nós aqui debaixo de água e as assessorias de imprensa de empresas vendendo o que ninguém quer comprar e muito menos tem espírito para tanto.
Mundo cão
Multiplicam-se os relatos de assaltos a pedestres em bairros secos. Mesmo que parte deles seja exagero, a verdade é que estão, sim, assaltando a rodo. Na avenida Independência, escolhem lugares como saídas de supermercados. E, em Canoas, há queixas gerais de cobranças em espécie por donos de embarcações e botes.
As duas forças armadas
Um tem forças armadas na ajuda, voluntários, forças de segurança, BM e Polícia Civil. A outra “forças armadas” é formada por malfeitores, “clínica geral”, assaltantes e vigaristas, a parte podre da sociedade. Não se deve esperar deles o mínimo humanismo. São pessoas que perderam toda e qualquer sensibilidade.
As ETAs de Porto Alegre
A crise no abastecimento de água em Porto Alegre criou um novo conhecimento entre a população. Tal como aconteceu com os ministros do STF – que passaram a ter nome e sobrenome conhecidos do grande do público há alguns anos – as Estações de Tratamento de Água (ETAs) agora estão nas mentes e corações dos porto-alegrenses. O cidadão sabe que são 6 ETAs na cidade, bem como o nome, localização e bairros ou região que cada uma abastece.
O hub Garibaldi
Um hub de logística humanitária. É assim que o município de Garibaldi começa a ser conhecido em meio à crise climática. “Temos uma boa posição geográfica, uma excelente pista de 1,2 mil metros no Aeroclube local, além de pilotos voluntários dedicados a essas ações” explica o prefeito Sérgio Chesini. Tem recebido aeronaves de outros estados.
Cinara Hack
Faleceu aos 78 anos a jornalista Cinara Hack, que trabalhou em vários jornais de Porto Alegre. Estava em tratamento hospitalar no Hospital Centenário de São Leopoldo.
Cautela nos lojistas
A prefeitura de Porto Alegre, em conjunto com o Sindilojas Porto Alegre, CDL Porto Alegre, Associação Comercial (ACPA), Sindha e Sindec-Poa sugerem aos lojistas dos bairros afetados pelas enchentes que mantenham seus estabelecimentos fechados até sexta-feira.
Esquina Democrática deserta
Rua dos Andradas, esquina democrática. Enchente no centro de Porto Alegre. Lojas fechadas.
TÂNIA MEINERZ/JC
Um dos cenários mais movimentados de Porto Alegre, a Esquina Democrática está vazia, mesmo em dias úteis. Efeito da enchente que inundou o Centro. Menos mal que a dupla de brigadianos está presente. Com a cidade deserta, a insegurança aumenta.
Sobre vasos
Dentre as dificuldades em tocar o dia-a-dia sem água, nenhuma é tão humilhante como não poder usar a água no vaso sanitário. Comida e água potável já é difícil, mas essa é horrível para as famílias. E não adianta apelar para vizinhos ou parentes, porque estão na mesma situação.