A Polícia Federal manifestou preocupação com a criação de “um novo escritório do crime” e sugeriu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que mandasse os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão a uma penitenciária federal de segurança máxima. A sugestão levou a dupla direto para a penitenciária federal de Brasília após a prisão.
Ambos foram presos neste domingo 24 na Operação Munder Inc., que investiga o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. Os irmãos são acusados de mandarem matar a parlamentar após ela se opor à expansão imobiliária na Zona Oeste, reduto tradicional da milícia fluminense.
Domingos, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado; Chiquinho, deputado federal pelo União Brasil; e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, foram detidos no Rio de Janeiro e, poucas horas depois, encaminhados ao presídio federal de Brasília.
No relatório enviado ao magistrado, os investigadores apontaram haver ingerência do clã Brazão e sustentaram que a ida dos acusados a uma unidade de segurança máxima contribuiria para afastá-los “da liderança da horda, impedindo que, mesmo presos, transformem a penitenciária estadual em novo escritório do crime”.
Os irmãos, segundo a PF, possui relações umbilicais com a milícia que atua na Zona Oeste e chegaram a ser reverenciados por “criminosos paramilitares”. Além disso, a corporação disse ser necessário realizar “um anteparo” no “ecossistema doente” das forças de segurança no Rio de Janeiro. A atuação da Polícia Civil foi apontada como parte fundamental do plano para matar a vereadora.
“Na Polícia Militar o grau de ingerência da Família Brazão é capaz de nomear comandantes de batalhões das áreas de seu interesse. Já na Polícia Civil, a movimentação de peças vai da chefia de Polícia à titularidade da distrital que atende os bairros por eles comandados”, argumentou o relatório.
O Caso Marielle
A operação deflagrada neste domingo representa o final das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, executada a tiros em 14 de março de 2018. Ela acontece após o ex-PM Ronnie Lessa, autor dos disparos, fechar um acordo de colaboração premiada e apontar Chiquinho, Domingos e Rivaldo como autores intelectuais do crime.
O assassinato começou a ser arquitetado em 2017, segundo relatou Lessa à PF, e teve como motivação a atuação de Marielle Franco em relação a loteamentos em áreas de milícia na Zona Oeste.
Ao monitorar Marielle, os irmãos Brazão tiveram a indicação de que a vereadora “pediu para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia“.