O Banco Central divulgou, nesta terça-feira 12, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que aumentou a taxa de juros praticada no País para 11,25%. O encontro foi realizado na semana passada.
No documento, que revela a íntegra das discussões travadas durante a reunião, o Comitê destaca “preocupações com o enfraquecimento das reformas estruturais” e cita a “falta de disciplina fiscal”. O grupo alerta para os riscos que um aumento dos gastos públicos pode representar à economia brasileira. Segundo argumentaram os membros do colegiado, essa percepção de ‘indisciplina’ tem impactado direto nos preços dos ativos e nas expectativas inflacionárias.
A decisão de elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano, foi unânime. O Copom justifica o aumento como uma resposta necessária para tentar manter a inflação sob controle, dado o cenário fiscal atual e as pressões inflacionárias persistentes.
Segundo o Copom, as projeções para a inflação apontam que o índice deverá fechar 2023 acima da meta, que é de 3% com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, podendo chegar até 4,5%. O Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira 11 pelo BC, prevê que a inflação deve alcançar 4,62% em 2024 e 4,1% em 2025, acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O Copom enfatiza, diante dos dados, que o controle das despesas governamentais seria ponto fundamental para trazer a inflação de volta ao centro da meta e reduzir o risco sobre os ativos financeiros brasileiros. A discussão se arrasta há pelo menos duas semanas no Planalto. Nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que o projeto de corte de gastos está em fase final, restando apenas ajustes solicitados por Lula (PT). Caberá ao presidente fazer o anúncio.
Na ata, o comitê reforça que “uma política fiscal crível, baseada em regras previsíveis e transparentes”, é essencial não apenas para ancorar as expectativas de inflação, mas também para reduzir os prêmios de risco nos mercados financeiros.
Cenário externo
O Copom, durante a reunião registrada no documento, também avaliou o cenário externo. Neste ponto, o grupo destacou a incerteza sobre a condução da política monetária nos Estados Unidos e a menor sincronia nos ciclos de juros entre as economias globais. Esses dois fatores, avalia o Copom, exigem cautela por parte de países emergentes, como o Brasil.
O texto não cita nominalmente Donald Trump, o presidente eleito no país, mas destaca pontos do programa de governo do republicano que geram receios.
“A possibilidade de mudanças na condução da política econômica também traz adicional incerteza ao cenário, particularmente com possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho e introdução de tarifas à importação”, diz o documento em relação ao cenário norte-americano0.
No âmbito doméstico, o documento reconhece que a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam mostrando dinamismo, o que pode “gerar pressões inflacionárias adicionais.”
Sinais para o Futuro
O Banco Central indicou que o preço do petróleo deve seguir próximo da curva futura prevista para os próximos seis meses, com um aumento projetado de 2% ao ano posteriormente. Para as tarifas de energia, a expectativa é de bandeira amarela em dezembro de 2024 e 2025, refletindo ajustes no custo da energia elétrica.
Leia o documento na íntegra:
Copom266-not20241106266