Com o Guaíba recuando lentamente, já se vê no horizonte dos porto-alegrenses uma busca pela reconstrução da cidade. Na manhã deste sábado (18), pela primeira vez depois de muitas semanas, diversos comerciantes foram até o Centro Histórico da Capital para entender os prejuízos e realizar a primeira limpeza de seus estabelecimentos após a inundação.
Na rua dos Andradas, bares, restaurantes e livrarias estavam com suas portas abertas. Porém, infelizmente, não era para o atendimento ao público. Nos locais, funcionários usavam rodos para a remoção da água e carregavam consigo sacos de lixo. Entre os responsáveis pelos estabelecimentos, havia uma unanimidade: as perdas são incontáveis.
Sebo Só Ler
Um dos mais tradicionais pontos de compra, troca e venda de livros de Porto Alegre, o Sebo Só Ler possui futuro incerto. Por enquanto, a única garantia são os estragos causados pela cheia histórica do Guaíba.
Lá, por volta das 10h deste sábado, estava, sozinha e visivelmente abatida, a gerente Sabrina Nekel, que esperava uma funcionária para começar os trabalhos de limpeza. Nos próximos dias, o dono do estabelecimento virá para Porto Alegre para entender a magnitude da situação.
Segundo ela, essa foi a primeira vez que a loja estava acessível desde o início da inundação. O cenário era de destruição: livros rasgados caídos ao chão, prateleiras quebradas, lodo e um forte cheiro que agora assola todo o Centro Histórico da Capital.
Padaria e Confeitaria Roma
A manhã de sábado costumava ser um momento de grande movimento, mas, ao mesmo tempo, paz. Há um mês, o local estaria servindo café da manhã para os porto-alegrenses que quisessem ir até o Centro. No dia 18 de maio, a realidade mostra funcionários com rodos e mangueiras tentando tirar os resquícios da cheia do Guaíba.
O atendente Wilson da Rosa afirma que a limpeza começou neste sábado mesmo. De acordo com ele, estima-se um prejuízo próximo aos R$ 400 mil, já que a água subiu tanto que ultrapassou os balcões da padaria.
“A situação está horrível. Está tudo sujo, perdemos muita coisa. Acredito que, ao longo das duas próximas semanas, limparemos a parte da frente e, posteriormente, os fundos da padaria, que ainda está sem luz”, lamenta.
D´Torres Restaurante e Bar
“O prejuízo é incalculável no momento”, afirma o proprietário do D´Torres Restaurante e Bar, Jairo Leal. Segundo ele, serão necessários dias de limpeza até que se tenha uma real dimensão dos danos que a inundação causou.
Além do alagamento, o restaurante ficou sem luz por cerca de 15 dias. Então, alguns alimentos que haviam sido deixados para trás também foram perdidos pela falta de refrigeração. “Retiramos o que pudemos, mas muitas coisas ficaram aqui, já que foi em cima da hora. Praticamente tudo que ficou dentro do restaurante está perdido”, destaca.
Refúgios Bar e Restaurante
Entre os locais visitados pela reportagem do Jornal do Comércio na rua dos Andradas, o único que já pensa na reabertura é o Refúgios Bar e Restaurante. De acordo com o proprietário, Laucir Dalmouro, isto é necessário para diminuir o prejuízo financeiro.
“Já estávamos cambaleando desde a pandemia, agora é mais um baque. Esperamos que a luz volte na próxima segunda (20) para reabrirmos. É difícil, mas vamos à luta. Precisamos trabalhar”, explica.
O local, por estar situado em um ponto mais alto da Andradas, foi menos afetado pela cheia. Na última quarta-feira (15), inclusive , já havia sido realizada uma limpeza inicial, antes do repique do Guaíba. Na manhã deste sábado, o piso estava limpo.
Zaffari
Na filial do Zaffari da rua dos Andradas, a limpeza também estava em estágio avançado. Áreas do supermercado invadidas pela água, como o setor dos caixas, já estavam completamente limpos. A única sujeira aparente estava nas cadeiras, as quais os funcionários limpavam com mangueiras do lado externo do supermercado.
A reportagem tentou contato com o gerente do estabelecimento, mas, em meio à limpeza, ele não quis se manifestar.