São Paulo (Reuters) – O leilão de compra de arroz importado realizado nesta quinta-feira (6) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) resultou na aquisição de 263,37 mil toneladas, ou 87,79% do volume pretendido de 300 mil toneladas, à medida que o governo brasileiro diz que a operação é necessária para lidar contra a especulação de preços diante das enchentes no Rio Grande do Sul.
Para adquirir o arroz, a Conab despendeu R$ 1,3 bilhão, segundo informações do site da estatal.
O leilão, que enfrenta oposição de produtores do Rio Grande do Sul e entidades nacionais como a CNA, que temem desestímulo à atividade no principal Estado produtor de arroz do país, chegou a ser suspenso por uma liminar na quarta-feira, mas uma segunda decisão judicial autorizou a operação.
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O produto foi comprado pela estatal Conab a quase R$ 5,00 por quilo, praticamente sem deságio em relação ao preço inicial. Depois o governo exigirá que o arroz comercializado no leilão seja vendido no varejo a R$ 4,00 por quilo, o que demandará subsídios governamentais.
O governo abriu crédito de mais de R$ 7 bilhões para arcar com a compra de arroz e posterior equalização de preços. Anteriormente, a Conab afirmou que a ideia seria comprar até 1 milhão de toneladas de arroz para lidar com a especulação de preços.
No acumulado de junho, contudo, o preço do arroz em casca posto na indústria do Rio Grande do Sul acumula queda de 1%, segundo dados do Cepea/Irga, após uma alta de mais de 10% em maio.
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Procurada para comentar o leilão nesta quinta-feira, a federação dos arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz) disse que estava avaliando e que não tinha comentários imediatos.
“Compra desnecessária”
O vice-presidente da Fedearroz, Roberto Fagundes Ghigino, reiterou à Reuters na última segunda-feira que as medidas do governo seriam desnecessárias, já que a colheita do Estado estava quase toda realizada quando as enchentes aconteceram.
Ele disse ainda que em torno de 0,5% dos silos na região central do Estado teriam sido atingidos pelas enchentes, citando estimativa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), que não retornou tentativas de contato para detalhar a informação.
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Segundo Ghigino, a região central gaúcha é responsável por 10% da produção de arroz no Estado e alguns silos ali teriam ficados submersos, “principalmente na base”.
Embora ainda não haja uma estimativa mais precisa sobre eventuais perdas de arroz já estocado em silos, segundo a Fedearroz as perdas não seriam significativas pelo que se tem de dados até aqui.
Ghigino disse que houve impossibilidade momentânea de vender e movimentar o cereal já disponível, referindo-se a problemas pontuais para emissão de notas fiscais e por causa dos estragos causados pelas chuvas em algumas estradas. A situação gerou uma certa especulação, admitiu ele.