O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira 29, promover mais um forte aumento de um ponto percentual na taxa básica de juros, levando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano. A quarta elevação consecutiva do índice ocorreu na primeira reunião do colegiado sob o comando de Gabriel Galípolo, sucessor de Roberto Campos Neto.
A decisão já era esperada. Na reunião anterior, de 11 de dezembro, o Copom projetou que subiria o índice em um ponto percentual nos dois encontros seguintes — o desta semana e o de 19 de março. A tendência é que o País chegue, portanto, a uma Selic de 14,25% daqui a 49 dias.
A última vez que a taxa bateu em 14,25% foi entre julho de 2015 e agosto de 2016. Naquele momento, o Brasil vivia um contexto de forte crise política que resultaria na derrubada da então presidenta Dilma Rousseff (PT).
Com o novo reajuste, o Brasil fecha esta quarta-feira com a segunda maior taxa real de juros no mundo, segundo um monitoramento da consultoria MoneYou.
Em primeiro lugar no ranking da taxa real, que desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, está a Argentina, com 9,36%, ante 9,18% do Brasil.
Completam a lista dos dez primeiros Rússia (8,91%), México (5,52%), Indonésia (5,12%), Colômbia (5,01%), República Checa (3,30%), África do Sul (2,95%), Filipinas (2,57%) e Hong Kong (1,99%).
Na justificativa para o novo aumento, o Copom afirma que o ambiente externo permanece desafiador em decorrência, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, agora sob Donald Trump.
No front doméstico, diz o comitê, há uma “desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”.
“O comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes.”
O Banco Central também reforçou que, diante do que considera um “cenário adverso para a convergência da inflação”, projeta mais um ajuste de um ponto percentual na reunião de março.
Dos atuais nove integrantes do Copom, há sete nomeados pelo presidente Lula (PT) e dois por Jair Bolsonaro (PL). Veja a relação:
- Renato Dias de Brito Gomes (nomeado por Bolsonaro);
- Diogo Abry Guillen (nomeado por Bolsonaro);
- Nilton David (nomeado por Lula);
- Ailton Aquino (nomeado por Lula);
- Paulo Picchetti (nomeado por Lula);
- Rodrigo Teixeira (nomeado por Lula);
- Izabela Correa (nomeada por Lula);
- Gilneu Vivan (nomeado por Lula); e
- Gabriel Galípolo (nomeado por Lula).
Em tese, quando o Copom decide aumentar a Selic, busca desaquecer a demanda: os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, razão pela qual taxas elevadas também dificultam a expansão da economia.
Ao reduzir a taxa, por outro lado, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Veja as datas das próximas reuniões do Copom em 2025:
- 18 e 19 de março;
- 6 e 7 de maio;
- 17 e 18 de junho;
- 29 e 30 de julho;
- 16 e 17 de setembro;
- 4 e 5 de novembro; e
- 9 e 10 de dezembro.
Confira os resultados de todos os encontros do ano passado:
- janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
- março: de 11,25% para 10,75%;
- maio: de 10,75% para 10,50%;
- junho: manutenção em 10,50%;
- julho: manutenção em 10,50%;
- setembro: de 10,50% para 10,75%;
- novembro: de 10,75% para 11,25%;
- dezembro: de 11,25% para 12,25%.