A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o áudio revelado na noite de quinta-feira 20 pela revista Veja, em que ele supostamente faz críticas à Polícia Federal e ao Supremo Tribunal Federal, “parece clandestino”.
Segundo os advogados, a gravação, classificada como um ‘desabafo em um momento difícil’, teria sido acessada ilegalmente pela publicação e não colocaria em xeque a delação do militar.
Na suposta gravação de Cid divulgada pela revista é possível ouvir duras críticas ao ministro Alexandre e Moraes, do Supremo Tribunal Federal, bem como indicações que apontariam discordância do ex-ajudante de ordens com o acordo de delação premiada. Polícia Federal e Procuradoria-Geral da República também recebem críticas na gravação.
“Eles são a lei agora. A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, teria dito Cid no suposto áudio.
“Eles já estão com a narrativa pronta, eles não queriam que eu dissesse a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam”, diz então a voz sobre a delação.
Para a defesa, porém, Cid “em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”.
Os advogados alegam ainda que o áudio parece ter sido captado de forma ilegal e se trataria apenas de um “desabafo” em um momento de crise.
“Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando”, justificam os advogados.
Por fim, o comunicado, assinado por Cezar Roberto Bitencourt, Vânia Adorno Bitencourt e Jair Alves Pereira, reforça “a lisura” da delação, que colocou Jair Bolsonaro no centro da falsificação do certificado de vacinação, crime pelo qual foi indiciado, e apontou participação direta do ex-capitão, auxiliares e militares na tentativa de golpe de Estado, ainda em investigação.
“[As gravações] de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade”, finaliza a nota divulgada pela defesa do militar.
A Veja não comentou a nota dos advogados.