Recentemente, os embates e provocações arrefeceram, mas ao menos no governo brasileiro a aparente trégua não desfez interrogações a respeito de Milei, um dos ícones da direita no continente. A expansão desse movimento e sua expressão mais radical preocupa Lula, que chegou a pedir ajuda a peronistas para estudar o fenômeno na Argentina.
Diplomatas e analistas políticos observam que Milei, às voltas com problemas domésticos, mudou o comportamento nos últimos tempos. Ele deixou de lado a retórica da “casta vermelha” contra Lula e o Brasil, usada na campanha, e parou de citar o brasileiro como contraponto a suas ideias.
Fogo cruzado entre Brasil e Argentina
Lula apoiou o ex-ministro da Economia Sergio Massa e recebeu visitas do então presidente Alberto Fernández. Ele chegou a se referir a Milei em privado como “louco”.
Ficaram no ar pedidos de desculpas cobrados por ministros de Lula, vistos como necessários para uma aproximação por assessores e conselheiros do Palácio do Planalto. Eles dizem que Milei “agrediu primeiro” e em público, por isso caberia a ele dar o primeiro passo. Mas reconhecem que Lula também devolveu as agressões.
Um auxiliar de Lula, que despacha no Planalto, resume o status do relacionamento como “congelado” – não se agravou, mas também não evolui. O governo brasileiro, no entanto, sabe que as provocações não interessam a ninguém.
Os relatos de ambos os lados indicam que os trabalhos de nível técnico vão bem e existe engajamento direto entre Vieira e a chanceler argentina, Diana Mondino. Ela j veio ao Brasil duas vezes e pode voltar em abril para outra reunião no Itamaraty.
Encontro entre os países
Segundo o diplomata, Milei recebeu um “choque de realidade” ao assumir o pode e agora o que se ouve do lado argentino é a intenção de explorar a relação com o Brasil. Ele diz que a classe dos industriais alertou Milei que o futuro da indústria dependia do Brasil.
O embaixador acredita que o governo argentino não pretende aprofundar as divergências com Lula e entende que os episódios foram dramatizados, o que seria uma tendência nas sociedades dos dois países.