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Drag bar de Porto Alegre abre em prédio histórico do Cine-Theatro Ypiranga

Drag bar de Porto Alegre abre em prédio histórico do Cine-Theatro Ypiranga



Para além do entretenimento, a cena drag é símbolo de revolução e resiliência. O movimento, que ganhou notoriedade nos clubes noturnos de Nova Iorque na década de 1960, fortaleceu-se e resistiu ao passar das gerações. Hoje, ao redor do mundo, milhares de artistas vivem dessa arte, que é também um trabalho. Em Porto Alegre, desde 2017, o Workroom (@workroombar), o bar drag mais conhecido da capital, fortalece o movimento. Nas últimas semanas, os sócios anunciaram a expansão dos negócios, mudando-se para um espaço maior: o antigo Cine-Theatro Ypiranga, localizado na avenida Cristóvão Colombo, 772, no bairro Floresta. A inauguração ocorrerá no dia 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIAPN+.  

“É um sonho antigo. Era uma demanda recorrente dos clientes e parceiros que frequentavam o espaço, pedindo que a gente expandisse após um determinado horário”, conta Rodrigo Kras Borges, sócio proprietário do Workroom. A ideia é que, no novo endereço, de sextas-feiras a domingos, a partir da meia-noite, o bar se transforme em uma festa.

O bar já recebeu artistas nacionais e internacionais, como a cantora Pabllo Vittar, a Grag Queen (conhecida por vencer a primeira temporada do Queen of the Universe e apresentar o Drag Race Brasil), Shangela, Sasha Colby, Latrice Royale, participantes do RuPaul’s Drag Race, o maior reality show norte-americano de drag queens.

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“Em noites especiais, ficávamos com a casa lotada, sem condições de acomodar mais pessoas, e acabávamos produzindo festas em outros locais da cidade”, explica o empreendedor. O antigo endereço comportava 72 pessoas sentadas, enquanto o novo espaço tem capacidade para 102 pessoas no ambiente do bar. O espaço para festas e shows suporta até 671 pessoas.

“Será um espaço modulável. Teremos o ambiente do bar e, nas sextas-feiras, sábados e domingos, uma cortina se abrirá para dar acesso à pista. Haverá toda uma questão cênica, com redução da luz e uma transição completa”, detalha Rodrigo. Segundo ele, a proposta do Workroom segue a mesma, com drinks autorais, comidas e shows de drag queens. “Só que, em determinados dias, poderemos estender isso para uma balada”, completa.

A ideia de ir para um espaço maior já vinha sendo considerada há algum tempo, mas Rodrigo e seu sócio, Guilherme Galvão, decidiram concretizá-la após as enchentes de maio. O endereço antigo, na Cidade Baixa, não foi inundado, mas a água chegou à porta do estabelecimento. “Fomos atingidos indiretamente, mas nossos vizinhos foram muito afetados. Consequentemente, ficamos parados por mais de 22 dias com o bar fechado, arcando com todos os custos fixos”, comenta o empresário. Além disso, o telhado do estabelecimento foi danificado pelas fortes chuvas.

“Essa situação nos fez resgatar aquele sonho antigo de ir para um espaço maior”, lembra Rodrigo. No final do ano passado, os dois sócios produziram uma festa no antigo Cine-Theatro Ypiranga. Após a experiência positiva e a interação com os administradores do espaço, começaram a ver o potencial do local como a nova casa do Workroom. “Achamos o atendimento deles muito bacana e vimos o potencial do lugar. Começamos a pensar: ‘imagine levar nossas produções e o Workroom para esse espaço? Levar nosso atendimento, nossa equipe, nossa qualidade de drinks’”, comenta.

Com sete anos de operação, o Workroom se mantém como um local importante na cena de entretenimento de Porto Alegre, mas também de acolhimento e resistência para a comunidade LGBTQIAPN+. Mesmo sendo um negócio, os sócios compreendem a responsabilidade social que carregam. “Passamos por situações bem complicadas, inclusive ainda estamos pagando parcelamentos desde a pandemia de Covid-19, mas entendemos que temos uma marca consolidada, um projeto inovador e social também”, reflete o sócio, que acredita que a identificação entre o público e o estabelecimento é um diferencial no mercado de entretenimento.

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O sócio destaca a importância de seguir crescendo, mesmo na situação delicada que o Rio Grande do Sul enfrenta. “Abrir e expandir um negócio neste momento, quando muitas empresas estão fechando, é importante. Trazer novidades para a cidade e acreditar que Porto Alegre tem espaço para um ambiente de qualidade e assumidamente LGBT é pensar no futuro e acreditar que podemos continuar crescendo”, afirma Rodrigo.

Responsabilidade e valorização  

Atualmente, o Workroom conta com um casting de 32 drags queens, divididas em escalas semanais. “Geralmente, são drags que selecionamos no início do bar, e outras foram se inserindo ao longo dos anos”, conta o empresário. Desde o início, a ideia foi valorizar as artistas drag. “É uma classe que não tem formalização, não é reconhecida na sociedade, mas essas artistas têm um papel fundamental na cultura da comunidade”, afirma. Hoje, o bar repassa 100% da bilheteria para as artistas. Na inauguração do novo espaço, o valor dos ingressos será destinado a drags que perderam seus trabalhos durante as enchentes.

Rodrigo reafirma que a casa está ao lado da defesa dos direitos da comunidade LGBTQIPN+, fomentando espaços que levantam essa bandeira. “Quando temos políticas públicas contra esses direitos, fica difícil ter incentivos e valorização. É sempre uma luta contínua, uma gangorra que oscila conforme o tempo e quem está na gestão”, desabafa. Rodrigo acrescenta que estar à frente do Workroom é motivo de orgulho.

“Honestamente, me sinto muito orgulhoso. Somos um dragbar em uma cidade conservadora. Recebemos muitos turistas que elogiam o bar pela proposta e pela ousadia de se assumir como drag bar”. Apesar de ter o foco no público LGBTQIPN+, o sócio garante que todos são bem-vindos. “Aceitamos todas as pessoas livres de preconceito. A ideia é expandir e não ficar só na nossa bolha, mas que essas pessoas saibam onde estão pisando”, conclui.

O novo endereço traz mudanças nos cardápios. Nas bebidas, novos drinks autorais compõem o menu. Organzza, Grag Queen, Hellena Malditta e Betina Polaroid são alguns dos drinks que fazem referência às queens do Drag Race Brasil, custando entre R$25,00 e R$30,00. No cardápio de comidas, houve uma reformulação completa, com opções de R$20,00 a R$80,00, incluindo entradas e pratos principais. Entre os destaques estão os dadinhos de queijo coalho com bacon e mel, a burrata com pesto de rúcula, tomates confitados e presunto cru, e a pizza de cebola caramelizada com caramelo.

Informações gerais sobre Workroom

O novo espaço do Workroom está localizado na avenida Cristovão Colombo, 772, no bairro Floresta. A inauguração ocorrerá dia 28, a partir das 20h.





Fonte: Jornal do Comércio

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